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Sua excelência e as Selvagens

Retrato de igreja
Manuel Igreja

Sua excelência e as Selvagens

Sua excelência foi às Selvagens. Podia ter ido às Virgens, ou assim, mas não. As Selvagens são mais nossas, precisam de atenção para as coisas boas que têm e para o que valem, e sua excelência não hesitou. Escolheu por decerto, bem. Sabemos o que custo da sua ida a estas, não sabemos o quanto custaria ir a outras, mas um dia não são dias, e as Selvagens bem merecem que tão alto dignatário se digne a passar uma noite no seu remanso.

Dizem que são muito calmas, que o mar as rodeia por todos os lados, mas eu não sei. Nunca foi às Selvagens. Mesmo a outras, só eu sei e não digo, que isso de uma pessoa por vezes de por a dizer que foi aqui ou ali, que fez isto e aquilo, frequentemente dá mau resultado. Não faltam invejas. De certos olhares tolhessem, estava mais entrevadinho que um aleijado que conheci em tempos. Tomou banho em água gelada depois de correria debaixo da canícula de Agosto, e a pernas encolheram-se-lhe para não mais se esticarem. Não tornou a andar.

Ficou assim como o nosso país. Encravado e sem meios para arribar. Dizem-nos que está a tentar erguer-se, o país, que o meu amigo já se ficou, mas faltam-se as forças, o ânimo e os meios. Velho de quase mil anos, não lhe tem faltado que lhe vá ao miolo dos recursos e o deixe exaurido. Então nos últimos anos, em três décadas mais coisa menos coisa, foi um fartar vilanagem. Deram corda para o enforcamento, empobreceram-no alegremente, e agora metido que está no caldeirão a ferver, pulam-lhe em redor à cata do melhor pedaço.

Parecem selvagens a dar virgens em sacrífico ao novo deus. Apodam-no de “Mercados”, e vergam-se a tão supremo ser sem olhar e sem questionar. Fazem tudo para lhe evitar um ai, com medo dos seus humores. Dizem que com um simples franzir de sobrolho seu, se arma uma tempestade capaz de nos pôr a gritar por Jesus que nos acuda. Sabidos e controladores, os seus representantes virgens em tudo excepto na inocência, aproveitam e espalham a inquietação que lhes garante o opíparo sustento.
Sua excelência que foi às Selvagens sabe disso, pois nessas coisas de virgem só terá a condição do signo do Zodíaco se for caso disso. Não sei, se é, mas também não interessa. O que importa, é que as Selvagens contaram com excelsa presença no seu seio, supostamente para gáudio de todos nós, pagadores de tão frutífera frequência. Com um jeito, até dizem que tivemos privilégio pela ida de sua excelência às Selvagens. Não sei como, mas pronto. Eu por mim, ida por ida, antes queria ir às Virgens. Enquanto ilhas, devem ser bem mais bonitas. Sim, porque onde sua excelência foi, foi às ilhas.

Podia ir a outro lado, mas escolheu as ilhas Selvagens, um pequeno arquipélago português ali perto da Madeira, rico em espécies da natureza e merecedor de toda a atenção, mais não seja porque é de elevado valor científico. Não é por aí que o caldo se entorna com a visita de sua excelência o presidente da República. A ocasião e o modo, é que se me afiguram com todo o despropósito e merecedores deste reparo. Com o mar a arder, mobilizou meios, meteu-se no bote, e foi passar dois dias a observar pássaros e passarinhos, pondo-se a milhas de uns passarões que entrando-lhe casa a dento lhe largam penas na carpete.

Faltou a sua excelência a visão de homem de Estado, para perceber que no estado a que isto chegou, não devia ir agora com a sua excelsa presença, chamar a atenção para o pedaço de chão e de mar que Portugal tem territorialmente mais a Sul. Nem que os espanhóis ameaçassem ao jeito de antigamente quer deitar-lhe a mão, algo impossível, pois também por lá tomaram eles que os deixem que o caldo anda mais que entornado, e não são poucos os perigos de ir a panela ao ar.

Na viagem de sua excelência não estão nela em causa os custos, pois tenho para mim que a democracia, o exercício da soberania, e a dignidade das instituições devem pagar-se e têm um preço como tudo na vida. Em questão, está o facto de cobrindo-se o céu de negro por cima da cabeça de cada um de nós, nos entrarem imagens pelos olhos adentro com sua excelência trajado descontraída e desportivamente a procurar bichinhos na lura e a mira indefesas aves todo embebecido e com ar de quem não mais lhe apetece voltar para a triste realidade dos dias em que vivemos.

Possivelmente, ainda lhe passou pela ideia ir até aos Galápagos, mas pelo nome, deve ter deduzido que encontraria por la´ ganapos, e disso está ele farto de ver e de aturar nas elevadas funções do seu cargo exercido gratuitamente pois encontra-se em usufruto de reforma.

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