Passar para o conteúdo principal
Diário de Trás-os-Montes
Montes de Notícias
  • Início
  • Bragança
    • Alfândega da Fé
    • Bragança
    • Carrazeda de Ansiães
    • Freixo de Espada à Cinta
    • Macedo de Cavaleiros
    • Miranda do Douro
    • Mirandela
    • Mogadouro
    • Torre de Moncorvo
    • Vila Flor
    • Vimioso
    • Vinhais
  • Vila Real
    • Alijó
    • Boticas
    • Chaves
    • Mesão Frio
    • Mondim de Basto
    • Montalegre
    • Murça
    • Ribeira de Pena
    • Sabrosa
    • St.ª Marta Penaguião
    • Peso da Régua
    • Valpaços
    • Vila Pouca de Aguiar
    • Vila Real
  • Reportagens
  • Entrevistas
  • Fotogalerias
  • Vídeos
  • Opinião
  1. Início

Os Contos de Grimm: um património sem fronteiras

Retrato de parafita
Alexandre Parafita

Os Contos de Grimm: um património sem fronteiras

Muitos dos contos dos irmãos Grimm, publicados há 200 anos, na Alemanha, e que impulsionaram a literatura infantil em todo o mundo, eram já antes conhecidos em Portugal através de versões que corriam na tradição oral do povo iletrado. Duas razões objectivas são de mencionar: 1 – O escritor e etnógrafo Trindade Coelho, que nasceu em Trás-os-Montes, em 1861, demonstrou que já os conhecia nas suas versões primitivas. Essa a razão por que, nos finais do séc. XIX, ao tomar contacto com os contos dos Grimm em francês, tentou naturalizá-los portugueses para “restituí-los à sua forma popular e primitiva”, como deixou escrito numa carta a um dos seus editores. Logicamente, tendo vivido a sua infância em terras transmontanas, ouvira tais versões junto de pessoas idosas e iletradas, que, no mínimo, viveram na transição para o séc. XIX, tendo por isso herdado do século anterior essa memória, que então corria exclusivamente na tradição oral. 2 – Correm ainda hoje muitas versões e variantes de contos dos Grimm nos meios rurais transmontanos, transmitidas por idosos iletrados que afirmam terem-nas ouvido aos seus avós igualmente iletrados. Por exemplo, “Os Músicos de Bremen” dos irmãos Grimm corre na versão “Os cinco amigos e os ladrões”; o conto “O alfaiate valente” aparece na versão “O gigante e o anão”; “O lobo e o homem” corre na versão “O leão e o bicho homem”, “O pequeno grão de milho” conta-se como o ”O menino grão-de-bico”; o “Príncipe sapo” corre como “A princesa e o sapo”; e “O gato das botas” corre como “O gato do conde de Aragão”.

Não obsta tal acepção ao reconhecimento de que a tradição oral é também um espaço de ressignificação da cultura escrita, assim como esta é um espaço de ressignificação da cultura oral. Ou seja, no âmbito das relações entre a esfera textual e a popular (oral), há sempre um deslocamento recíproco de reconstrução de significações, um fenómeno de “mão dupla”, que corresponde ao conceito de circularidade presente nos processos de interacção entre a cultura do povo e a das elites. Daí a importância de se conhecer sempre, o mais possível, a longura temporal dos primeiros registos dos contos, o que, levando em conta o testemunho de Trindade Coelho, parece acontecer com as versões portuguesas que circularam num universo iletrado que nos pode levar, no mínimo, até finais do Séc. XVIII.

Em boa verdade, as versões dos contos de Grimm que, ainda hoje, à margem dos textos escritos, os mais idosos e iletrados da região transmontana reproduzem oralmente como herança das gerações anteriores, apresentam-se claramente afectadas pelos processos de contaminação que a circulação oral sempre implica, mas com a particularidade de conterem “motivos marcantes” que retratam as vivências e inquietações dos meios rurais. Assim, conforme a intensidade das narrações e o seu contexto idiossincrático, vão-se alternando alguns dos estereótipos do maravilhoso (lobos, bruxas, fadas, ogres, gigantes, olharapos…), e também os motivos agro laborais, religiosos, sócio educativos, lúdicos e humorísticos.

Por tudo isto, os contos populares, valiosos como foram para as gerações do passado, não deixarão de continuar a sê-lo para as gerações do futuro.

Partilhar
Facebook Twitter

+ Crónicas


«Nasci com uma vontade terrível de trabalhar»
Publicada em: 22/08/2019 - 20:21
Esopo e as pulgas
Publicada em: 13/08/2019 - 22:55
Em que águas navega Magalhães?
Publicada em: 26/07/2019 - 21:25
A Lenda das “Cristas de Galo”
Publicada em: 16/07/2019 - 15:24
Quando a humildade casa com o génio
Publicada em: 27/06/2019 - 19:49
Falar de Agustina é falar de um génio!
Publicada em: 03/06/2019 - 15:23
Não mexam com a dignidade dos professores!
Publicada em: 22/05/2019 - 16:03
A violência de género no interior rural
Publicada em: 24/04/2019 - 10:35
O botão de Salazar
Publicada em: 05/04/2019 - 10:57
Chorai, netinhos, chorai!
Publicada em: 27/03/2019 - 20:42
  • « primeira
  • ‹ anterior
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • …
  • seguinte ›
  • última »

Opinião

Retrato de henrique
Henrique Ferreira
Morreremos da doença e da cura?
17/01/2021
Retrato de igreja
Manuel Igreja
O boneco de neve
16/01/2021
Retrato de ana
Ana Soares
Um confinamento muito desconfinado
15/01/2021
Retrato de chrys
Chrys Chrystello
Este povo que hoje não vota 
13/01/2021

+ Vistas (últimos 15 dias)

Mulher de 70 anos encontrada morta dentro de uma lagoa em Cércio
// Miranda do Douro
Homem atira-se do viaduto da A24
// Vila Pouca de Aguiar
Atleta de Mirandela cai inanimado e morre durante jogo de Basquetebol
// Mirandela
PSP investiga assalto violento a casal de comerciantes em Chaves
// Chaves
O distrito de Bragança é o que apresenta o maior crescimento: 79%.
// Trás-os-montes

Publicidade Google

CRONISTAS

Retrato de Joao
João Pedro Baptista
Retrato de Jorge Nunes
Jorge Nunes
Retrato de Nuno
Nuno Magalhães
Retrato de parafita
Alexandre Parafita
Retrato de leon
José Leon Machado
Retrato de monica
Mónica Teixeira
Retrato de ana
Ana Soares
Retrato de Bandarra
Carlos Ferreira
Retrato de henrique
Henrique Ferreira
Retrato de igreja
Manuel Igreja
Retrato de barroso
Barroso da Fonte
Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia
Para sugestões, informações ou recomendações: [email protected]

Formulário de pesquisa

Diário de Trás-os-Montes

© Diario de Trás-os-Montes (Desde 1999)

Proibida qualquer cópia não previamente autorizada.



  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Contactos
  • Login


Bragança

  • Alfândega da Fé
  • Bragança
  • Carrazeda de Ansiães
  • Freixo de Espada à Cinta
  • Macedo de Cavaleiros
  • Miranda do Douro
  • Mirandela
  • Mogadouro
  • Torre de Moncorvo
  • Vila Flor
  • Vimioso
  • Vinhais

Vila Real

  • Alijó
  • Boticas
  • Chaves
  • Mesão Frio
  • Mondim de Basto
  • Montalegre
  • Murça
  • Peso da Régua
  • Ribeira de Pena
  • Sabrosa
  • St.ª Marta Penaguião
  • Valpaços
  • Vila Pouca de Aguiar
  • Vila Real

Secções

  • Douro
  • Trás-os-Montes
  • Livros
  • Mirandês
  • Emigração
  • Diversos
© Diário de Trás-os-Montes