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O País do Abelinos

Retrato de igreja
Manuel Igreja

O País do Abelinos

O país dos Abelinos, começou por seu um pedaço de chão junto ao mar, que foi oferecido como recompensa a um cavaleiro que vindo dos lados da França, prestou ajuda ao rei de Castela na luta contra os mouros.

Anos depois, contudo, o filho desse tal cavaleiro, deu-lhe para querer a independência desse bocado de terra, e contra ventos e marés, no caso na forma de sua própria mãe, espadeirou a torta e a direito até conseguir que do Papa lhe viesse o reconhecimento como Rei.
Fundou-se assim há aquele que viria a ser uma nação para lavar e para durar, pois semelhantes peripécias aconteceram quase há novecentos anos, e ainda hoje ela subsiste ainda que enferma e roída pela indiferença , pela ignorância e pela petulância.

Ao longo dos séculos, muitas coisas foram sucedendo no tal país desenhado com a ponta das espadas, e decorridos que foram quatro, já meio mundo pertencia aos seus reis, graças à capacidade de aventura e há muito coragem, de um punhado de valentes que se meteram pelo mar desconhecido adentro em busca de novas terras e de muitas riquezas.

Pertenceu-lhes, mas de pouco lhes adiantou, pois nunca souberam ou nunca quiseram potencializar as riquezas advindas, de modo a que a todos e por muito tempo aprouvessem. Não planearam, não investiram, só improvisaram, e só gastaram ouro e mais ouro em vaidades e em rendilhados pouco produtivos.
Seja como for, o país andou de século em século, ora melhor, ora pior, até que chegou aos nossos tempos de novo reduzido ao seu espaço inicial ao sopro dos ventos da história, mas transformado num verdadeiro país de Abelinos.

Um Abelino, é a modos de dizer, um cidadão ladino, muito esperto, dinâmico que baste para o que quer, mas pouco dado a ligar a obstáculos morais ou culturais que lhe impeçam o atingir das metas a que se propõe, seja para o bem ou seja para o mal.

Quando atinge o poder, mais não o preocupa do que agradar à populaça que o elege, e procura fazer obra de encher o olho e capaz de satisfazer os anseios primários dos eleitores que nele se revêem. Abusa do poder como se fosse dono das coisas públicas, apoia o clube do bairro, invade o campo e bate no árbitro se for necessário, tem o coração abeira da boca, e tem na ponta da língua a justificação para qualquer atitude, fundamentando-a sempre na obra feita a favor da comunidade.
Para fazer passar a sua mensagem e melhorar a sua imagem, recorre a todos os meios, inclusive os da comunicação social mais moderna, e passa a dizê-los como prejudiciais e nada éticos, quando estes lhe não vêm comer à mão quase sempre generosa na distribuição de benesses sob a forma de empregos, e de apoios mais ou menos encapotados.

Entretanto, no país dos Abelinos, a maioria dos cidadãos aprova, o que o Abelino no poder faz, mesmo em situações menos correctas moral e civicamente, desculpa-as com o fim atingido, e não tem pejo em dizer que o mesmo faria caso estivesse no seu lugar.

Nas horas em que não está no emprego, o cidadão do país dos Abelinos tenta enganar o patrão se é empregado, ou a tentar explorar o empregado se é patrão, anseia pelo próximo jogo da bola, ou empanturra-se alarvemente como se o mundo se findasse a qualquer minuto. Nos entretantos, planta-se em frente dos aparelhos de televisão que espalhou pela casa, a ver programas ocos e coloridos, feitos por gente reluzida, para pessoas com mentes de actividade reduzida.

Quando quer espairecer, o cidadão do país dos Abelinos, agarra em si e mais na prole, e vai passear-se nos centros comerciais com ar de quem pode comprar tudo o que se vê, mas mais não consegue do que fazer esbarrar o reduzidos sonhos que o habitam contra os vidros das as montras muito bem decoradas.

Neste seguir, o país dos Abelinos passou a ser o da Europa com mais aparelhos de televisão em cada lar, um daqueles onde circulam melhores carros que sempre provocam inveja nos vizinhos, e uma terra onde mais vale parecer do que ser, onde os títulos incham os egos, mas se esvaziam de conteúdos, e onde a folia aparente, só é superada pela indiferença evidente.

Por estas vias, o país dos Abelinos, iniciou o terceiro milénio numa situação em que parece inviável, e num ponto em que quase apetece dizer que melhor fora que o senhor medievo que lutou contra a vontade da mãe o não houvesse feito.

Mas fê-lo, com vontade que lhe não minguou, e nem aos que se lhe seguiram por quase duas mãos de séculos, até agora. Por isso, e porque a esperança deve ser a última a morrer, tenho para mim que a mediocridade e a pequenez dos Abelinos, há-de ser suplantada pela sabedoria e pala nossa alma que sempre vale a pena quando não é pequena.

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