Como aparentemente resolução de muitos dos nossos problemas, o Governo anunciou finalmente os feriados que deixarão de o ser: dois civis e dois religiosos. E eis como, em plena crise, se começará a trabalhar a 5 de Outubro (Implantação da República), 1 de Dezembro (Restauração da Independência), 15 de Agosto (Assunção de Nossa Senhora) e Corpo de Deus.
Quem ouviu os responsáveis governamentais falar sobre o assunto, ficou convencido que os feriados mais não são do que umas datas com pouca relevância que, sabe-se lá bem porquê, foram sendo aceites ano após ano. Fica-se até com a sensação que os feriados mais não são do que uns dias, fruto não se sabe bem de quê, em que os trabalhadores podem ficar em casa ou fazer o que bem lhes apetecer. Então porque manter alguns feriados? Porque não eliminar todos? Ou porque não manter os que já temos? Não é a economia quem mais ordena? Com a certeza que, como bem comprovam as comparações internacionais, os países mais evoluídos e desenvolvidos primam pela manutenção dos seus feriados nacionais.
Como em tudo, o meio-termo, a ponderação e o bom senso são mais-valias que interessava manter… Certo e sabido é que as datas dos nossos feriados têm origem fundamentalmente numa das maiores riquezas de Portugal: a nossa História. A História que fez de nós Pátria e País, o povo que deu novos povos ao mundo e que tem um património imaterial tão rico quanto diversificado. Um motivo que devia orgulhar todos e cada um de nós.
É bem verdade que, como reportagens televisivas incessantemente demonstram, o âmago dos feriados não era de todos conhecido. E também não é mentira que todos nós, trabalhadores, aguardávamos com expectativa o aproximar de qualquer um destes dias, mas… Não serão também ponderáveis os seus benefícios? Os feriados são dias de celebração e, como tais, são muito importantes para o ânimo e motivação dos trabalhadores. E em termos económicos? Não está também comprovado que estes dias geram um fluxo interessante de dinheiro em áreas tão importantes para o nosso país como a restauração e hotelaria?
Eu diria que o Carnaval do fim dos feriados se impôs, coincidência ou não, com o próprio Carnaval. Numa festividade em que o folião é Rei, onde a brincadeira e a alegria são as palavras de ordem, o fim da tolerância de ponto, parece ditar que não importa aos “nossos gestores nacionais” que, ao país depressivo, se some um país deprimido…
A austeridade é necessária, ninguém o pode discutir com o mínimo de seriedade. Mas a forma, a quantidade e a sua distribuição irão ditar se será um meio para fazer a nossa economia ressurgir ou, por outro lado, acabar de se enterrar a si mesma.