Passar para o conteúdo principal
Diário de Trás-os-Montes
Montes de Notícias
  • Início
  • Bragança
    • Alfândega da Fé
    • Bragança
    • Carrazeda de Ansiães
    • Freixo de Espada à Cinta
    • Macedo de Cavaleiros
    • Miranda do Douro
    • Mirandela
    • Mogadouro
    • Torre de Moncorvo
    • Vila Flor
    • Vimioso
    • Vinhais
  • Vila Real
    • Alijó
    • Boticas
    • Chaves
    • Mesão Frio
    • Mondim de Basto
    • Montalegre
    • Murça
    • Ribeira de Pena
    • Sabrosa
    • St.ª Marta Penaguião
    • Peso da Régua
    • Valpaços
    • Vila Pouca de Aguiar
    • Vila Real
  • Reportagens
  • Entrevistas
  • Fotogalerias
  • Vídeos
  • Opinião
  1. Início

Loucuras ...

Retrato de luis
Luis Ferreira

Loucuras ...

Chamava-se João ou talvez António, já não sei, o amigo de Francisco. Um amigo considerado, digno, estimado e do qual nada tinha a contestar. Durante muitos anos, trocaram ideias, projectos, falaram de tudo e de todos os que eram por eles considerados. Francisco, apesar de não ser uma pessoa exuberante, era suficientemente conhecido e considerado por todos. Não pertencia ao grupo dos ilustres anónimos, como se dizia. Por seu lado, João ou António, tanto faz, não era pessoa que se perdesse nas ruas e ruelas do burgo. Pouco conhecido pessoalmente, era pessoa de poucos amigos. Tímido, introvertido, ambicioso e de poucas falas, João refugiava-se nos seus hábitos, perdendo aí todos os momentos que a própria liberdade lhe concedia.
Um dia tudo mudou. Uma carta trazia com ela o veneno de uma loucura infinita e Francisco não compreendeu a razão de tal atitude. O seu amigo insultava-o sem justificar coisa alguma. Um manto de mistério profundo atravessou a mente do incauto amigo e procurou por entre as linhas e as palavras alinhavadas, o porquê de tal desnorte. Não encontrou. Atingido pela calúnia e pela infâmia, resolveu pedir explicações de tal agressividade. A resposta não chegou satisfatoriamente, nem justificava o procedimento desatinado do amigo. Afinal, nada havia que o justificasse! Não podia ter justificação!
Na dúvida porém, Francisco resolveu conceder um favor ao amigo. Há sempre uma segunda oportunidade! Não entendia como ele tinha sido capaz de descer tão baixo, ao ponto de perder um pouco da sua própria dignidade! Realmente há dias difíceis! E quando as coisas correm mal, temos a tentação de agredir mesmo os mais próximos como os filhos, a mulher e os amigos. Enfim! É compreensível! Ou talvez não!?
Francisco, sentou-se à secretária e resolveu responder ao amigo. Falar-lhe da loucura que ele tinha cometido. Afinal os amigos servem para isso mesmo!
“António! Não consegui descodificar a tua mensagem nem o seu propósito. É deveras aterrador pensar que a loucura terá rondado a tua porta e te terá obrigado a refugiar atrás das grades do teu jardim imaginário. Como foi possível? Será que a ambição te toldou o discernimento que eu julgava ser teu apanágio? Cuidado, meu amigo. Cuidado! Olha que o dinheiro não compra tudo! Pode comprar casa, mas não compra um lar; pode comprar um relógio, mas não compra o tempo; pode comprar uma posição, mas não compra o respeito; pode comprar um livro, mas não compra o conhecimento; pode comprar remédios, mas não compra a saúde; pode comprar uma cama, mas não compra o sono; pode comprar até sangue, mas não compra a vida!
António! Nesta vida há loucuras que não se podem cometer. Odiar as rosas só porque uma te picou?! Entregar todos os teus sonhos só porque um deles não se realizou?! Desistir de todos os esforços, só porque um deles fracassou?! Francamente, António! Há sempre uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma outra força! É loucura condenar todas as amizades só porque uma te traiu, ou descrer de todas elas só porque uma te foi infiel.
António, é preciso procurar ser mais feliz cada dia que passa. Tenta, mas tenta com toda a tua força e não te deixes vergar pela codícia, pela ambição ou pelo ódio. Não te deixes dominar pelos sentimentos mais baixos e, sobretudo, não percas a tua dignidade. Afinal, tu sabes como comportar-te e sabes ser digno. És inteligente e por isso não percebo o facto de te venderes aos mais baixos valores da moral e da ética. Mas enfim, eu perdoo-te a tua fraqueza e quando necessitares de um ombro amigo, lembra-te que ainda há quem saiba usar o perdão em vez da sanção.
O teu amigo, Francisco.”
Satisfeito consigo mesmo, dobrou a missiva, meteu-a num envelope e fechou-o com todo o cuidado, como se lá dentro estivesse o maior tesouro. Estava consciente disso. No dia seguinte ela seguiria o seu destino. E seguiu.
Passaram meses. O tempo, célere no seu passar, levava e trazia mensagens, mas não a que Francisco pretendia. Também o vento era portador de palavras invisíveis, frases feitas e questões das mais variadas. O eco das suas palavras, não se fazia ouvir. Pelo menos estava com a consciência tranquila.
Mas a resposta chegou. João ou António, não sei, tinha sucumbido a uma qualquer apoplexia. Fim triste aquele! No chão do seu quarto, foi encontrada uma folha de papel, simples, sem linhas, onde algumas palavras, poucas, dançavam na sua inquietude saídas da fragilidade de uns dedos trémulos, certamente, mas de um significado profundo.
Meu amigo, que o teu perdão me sirva de lição…

Partilhar
Facebook Twitter

+ Crónicas


Os rios nascem no mar
Publicada em: 28/01/2019 - 14:31
Mais um tiro no pé
Publicada em: 15/01/2019 - 00:44
As falsas promessas
Publicada em: 28/12/2018 - 16:05
Tudo é uma questão de política
Publicada em: 22/12/2018 - 23:47
O Orçamento do desencontro
Publicada em: 16/12/2018 - 17:14
Nefrologistas precisam-se
Publicada em: 07/11/2018 - 00:08
Os trambolhões do Orçamento
Publicada em: 25/10/2018 - 10:16
A fraqueza dos ministros
Publicada em: 24/09/2018 - 17:43
De portas abertas
Publicada em: 10/09/2018 - 11:07
E eis que se acaba Agosto
Publicada em: 29/08/2018 - 17:44
  • « primeira
  • ‹ anterior
  • …
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • 10
  • …
  • seguinte ›
  • última »

Opinião

Retrato de igreja
Manuel Igreja
Os tolos míopes e a História
04/03/2021
Retrato de chrys
Chrys Chrystello
Timor 45 anos depois
25/02/2021
Retrato de Preto
Ana Preto
Das palavras que nos desqualificam
23/02/2021
Retrato de Guerra
Luis Guerra
Olhares e paisagens
23/02/2021

+ Vistas (últimos 15 dias)

ASAE encerra Continente de Vila Real
// Vila Real
Salvou uma raposa e ganhou companhia diária ao jantar em Oleiros
// Bragança
Minas de ferro de Moncorvo exportam primeiras 50 mil toneladas para a China
// Torre de Moncorvo
Alegada vacinação ilegal contra a Covid-19 em Valpaços
// Valpaços
Homem encontrado morto na rua em Bragança
// Bragança

Publicidade Google

CRONISTAS

Retrato de parafita
Alexandre Parafita
Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia
Retrato de ana
Ana Soares
Retrato de Guerra
Luis Guerra
Retrato de leon
José Leon Machado
Retrato de Angela
Ângela Bruce
Retrato de henrique
Henrique Ferreira
Retrato de joaomartins
João Gabriel Martins
Retrato de bob
António Bob Santos
Retrato de Duarte
Duarte Mairos
Retrato de Bandarra
Carlos Ferreira
Retrato de Joao
João Pedro Baptista
Para sugestões, informações ou recomendações: [email protected]

Formulário de pesquisa

Diário de Trás-os-Montes

© Diario de Trás-os-Montes (Desde 1999)

Proibida qualquer cópia não previamente autorizada.



  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Contactos
  • Login


Bragança

  • Alfândega da Fé
  • Bragança
  • Carrazeda de Ansiães
  • Freixo de Espada à Cinta
  • Macedo de Cavaleiros
  • Miranda do Douro
  • Mirandela
  • Mogadouro
  • Torre de Moncorvo
  • Vila Flor
  • Vimioso
  • Vinhais

Vila Real

  • Alijó
  • Boticas
  • Chaves
  • Mesão Frio
  • Mondim de Basto
  • Montalegre
  • Murça
  • Peso da Régua
  • Ribeira de Pena
  • Sabrosa
  • St.ª Marta Penaguião
  • Valpaços
  • Vila Pouca de Aguiar
  • Vila Real

Secções

  • Douro
  • Trás-os-Montes
  • Livros
  • Mirandês
  • Emigração
  • Diversos
© Diário de Trás-os-Montes