A lição de Jardim e a infelicidade de Cavaco
Alberto João Jardim deu uma lição à Galp, ao Governo e aos portugueses.
À Galp porque não pode haver portugueses de primeira e de segunda. Além disso, tem de haver bom senso e a Galp já passou os limites do bom senso há muito tempo na sua usura relativamente aos portugueses todos, usando e abusando da sua posição dominante, protegida pelos Governos de Portugal.
Ao Governo porque, se não quer regular, deve repensar a sua forma de governar. Os governos são para governar e regular e não para assitirem passivamente às arbitariedades do mercado dominante.
Aos portugueses porque, afinal, filhos de Salazar e da sua educação para a passividade, precisam de outro Salazar para os defender e proteger, incapazes de se governar e de vir para a rua protestar. É pena que, 34 anos depois do «25 de Abril», tudo esteja na mesma e haja até mais «exploração do homem pelo homem», com a bênção da grande maioria dos portugueses e dos últimos governos.
A infelicidade de Cavaco
Cavaco exagerou nas razões pelas quais se dirigiu ao país e no modo como concebeu os seus poderes. Sinceramente, a sua comunicação ao país, por aquele motivo, o estatuto autonómico dos Açores, pareceu-me bizantina, e até, ridícula, porque os órgãos de soberania funcioanram bem e o país não devia ter sido sobressaltado com os poderes do Presidente.
Acontece até que a maior ênfase de Cavaco esteve na audição da Assembleia Regional e dos representantes do povo dos Açores. Mas não é esse o princípio base da democracia? Então, suspende-se a Assembleia Regional e são a Assembleia e o Presidente da República quem decide sem ouvir os interessados?
Sinceramente, com o respeito que me merece o Presidente da República, e também o Professor Cavaco Silva, parece-me descabido.
Bragança, 01 de Agosto de 2008