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A inauguração em Santa Comba

Retrato de igreja
Manuel Igreja

A inauguração em Santa Comba

Não teremos ainda lá muita coisa com isso, pois o senhor até nem é das nossas bandas, mas o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, não se me ocorre agora o nome, ou é mais fino que o alho, ou então não tem o mínimo sentido do que é o bom senso, pelo menos ao que parece depois dos sucedimentos que vou referir.

Sucede que lá na terra, na vila, há um largo com o nome do dr. António de Oliveira Salazar, nado naquele concelho fez agora cento e vinte anos, mas de lá saído para mal dos nossos pecados, o qual, o largo, sofreu profundas obras de requalificação. Quis ao que dizem a coincidência, que as mesmas se aprontassem no dia 25 de Abril, data malévola de fazer mais efeito que visão da santa cruz no mafarrico, mas felizmente também e em grande parte, data auspiciosa para muitos.

Vai daí, não fosse a obra bonita estragar-se houve-se por bem na autarquia fazer desse dia momento de inauguração das mesmas, pois como bem sabemos não há obra por mais singela que seja, o que não é o caso, que não mereça foguetório e discurso botado em palco a condizer, muito mais quando o ano é ano de se colocar cruz em boletim de voto. Um dia não são dias, e para os doutos e esclarecidos senhores do burgo de Santa Comba, aquele dia é igual a outro dia qualquer.

Fez-se pois a festa nesse dia. Houve quem garantisse que o homenageado andou aos rebolões na tumba, e que só não levantou a pedra porque já morreu velhinho e sem forças, mas nisso não acreditou o edil que eu comecei por ter como ladino ou como falho de senso do bom. Se foi por esperteza que inaugurou no dia da instauração da democracia, acertou. Não tivesse sido assim, e lá inauguraria o homem a admirável obra, sem que a notícia de tamanho feito passasse dos limites do seu concelho. Arranjou por essa via uma forma de colocar por um ou dois dias a sua terra outra vez nos telejornais, e está de parabéns.

Foi de mestre. Mais um motivo existe agora para que admiradores serôdios do excelso mestre que governou Portugal durante um inverno que durou quase quarenta anos se desloquem ao torrão natal do seu ídolo. Boa viagem, pois a democracia por ele sempre combatida e negada dá-lhes esse direito, mesmo que adulem um homem que tomou para si o direito de cercear o direito dos outros, como se a sua maneira de amar a Pátria fosse a única. A suprema vingança da democracia sobre a tirania é isso mesmo. Permitir para todos de igual forma aquilo que é inalienável: a Liberdade de pensamento.

A não ser por esta razão, por ser fino e ter vislumbrado a oportunidade, então o senhor e mais os seus pares, se é que foram ouvidos, são falhos de sensibilidade e de bom senso. Se a e o tivessem, logo veriam que jamais a festa se devia fazer naquele dia, pois tal evento seria como foi uma dupla afronta. Afrontou Salazar ao demonstrar-lhe se ele lá da nuvem onde está conseguir ver, o tamanho da diferença entre a sua capacidade de tolerar e a daqueles que ele sempre combateu por os ver como perniciosos, e afrontou todos aqueles que contra ele lutaram até mais não, e que têm o dia 25 de Abril como do mais sagrado que há. Não havia necessidade, convenhamos, pois dias mais próprios para o que se fez, é o que mais temos no calendário. Bastava que fosse no dia seguinte.

Nem se coloca sequer em apreço a questão de haver ou não um largo, uma viela ou uma avenida com o nome de Oliveira Salazar, pois fantasmas bons e maus cada qual acolhe e mantém os que quer. O homem que achava que Portugal era uma horta cheia de galinhas poedeiras e de couves galegas já morreu, já é uma figura da História da pátria lusa, e sua acção deve ser vista já com o devido distanciamento, sem que se deixe contudo morrer a memória de quem foi e do que fez.

Emperrou o andamento das coisas quanto pôde e pôde muito, atrasou-nos mais que relógio sem corda enquanto país, e muitas e importantes coisas fizeram-se em Portugal tarde e mal, e mal porque tarde. Já passou contudo à História como passaram outros déspotas que hoje se veneram ou pelo menos se não escorraçam, pois no fundo enquanto nação, somos um produto resultante da suas influências.

Seja como for, Salazar que já se foi desta para melhor há quase 40 anos, mas o seu espírito ainda incomoda e com razão. Ainda existe muita gente a sentir na pele as suas diabruras e as atrocidades por si mandadas fazer. Quem ocupa cargos públicos, no mínimo deve ter noção disso.

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