Há assuntos que uma pessoa às vezes falar neles, é assim a modos que malhar em ferro frio. Mas como já diziam os de antigamente, chuva mole, em pedra dura, tanto bate até que fura.
Daqui, podemos ir até um outro ditado também já de há muito tempo, que é o outro que diz que quem não s chora não mama, e podíamos passar linhas e mais linhas a referir outros ditos da sabedoria popular, pois muitos havia a aplicar no âmbito do famigerado IC 26, que é nada mais nadas menos, do que o assunto sobre o qual pretendo desenrolar o artigo que vossemecê faz o obséquio de estar a ler.
Desde a época em que no nosso país se começaram a rasgar novas vias de comunicação, aí há coisa de uns quinze anos a esta parte, que de vez em quando, nos vinham com as promessas de construção deste itinerário que ligaria mais facilmente todo ou quase todo o Alto Douro vinhateiro ás terras do litoral.
Nós, todos contentes, lá nos fomos deixando iludir com o palavreado de circunstância dos políticos da ocasião, fomos deixando correr, e embalados pelas verdadeiras conversas para boi dormir, chegamos mesmo a questionar um esquisito traçado que foi mesmo apresentado como o único possível.
Na altura, com toda a justiça, quase caía o Carmo e a Trindade, por causa dos malefícios económicos e paisagísticos que semelhante aberração provocaria, e então, da mesma maneira que sorrateiramente tiraram o projecto da gaveta, mansamente e sem alarde, assim como quem assobia para o ar, o lá tornaram a meter.
Passaram-se mais uns tempos, abriram-se novas estradas aqui e ali, acartaram-se mais uns milhares de pipas de vinho lá para Gaia, deixou-se correr muita água por debaixo das pontes, e agora, só não podemos dizer que está tudo na mesma, porque está tudo pior. Muito pior.
Como se nós não valesse-nos um chavelho, para não dizer outra coisa, uns senhores que do Douro só sabem que por aqui corre um rio com esse nome, que as vistas são muito bonitas, e que por cá se faz um bom vinho, resolveram do alto da sua sapiência, que o Vale do Douro, não tem direito a ir até ao Porto, a capital perante a qual a colónia se baixa, sem ser por um caminho do tempo do senhor Marquês de Pombal, que se cá viesse por certo os correria a pontapé, com o devido respeito perante suas senhorias.
Tudo isto em Lisboa, e perante os dignos representantes dos nossos interesses, que para não contrariarem as decisões daqueles que lhes dão o pão à boca, concordaram que sim senhor, pois havia coisas mais urgentes, e que como o dinheiro não dá para tudo, pois claro, o IC 26 podia muito bem passar para o role do esquecimento.
Parece que todos se esquecem, ou se não o esquecem, é porque não sabem, que do Douro, sai nada mais nada menos do que uma das maiores riquezas nacionais, e no Douro está a emergir o único sector que se recomenda em Portugal, obviamente o Turismo.
A mim, até nem me admira que mesmo alguns deputados eleitos pela região não saibam disto, ou se o sabem lidam, porque ao que conheço, até nem são de junto ao rio ou aos vinhedos, e penduram o pote para outras bandas mais lá para as terras que ficam atrás dos nosso montes.
Se calhar por isso, até acham bem que o novo traçado da auto-estrada número quatro, se faça mais a norte do actual, na zona do Alvão, para quem não conhece, ainda mais longe do Alto Douro, atravessado pelo IP 3, que pouco ou nada resolve uma vez que não nos aproxima do nosso principal e mais frequente destino, cada vez mais necessariamente demandado, quase por dá cá aquela palha.
Parece que ninguém se deu ao trabalho de verificar se acaso será possível substituir a nova auto-estrada pelo IC 26, ou se esquecido este, se não poderá fazer a nova infra-estrutura mais para sul, mais junto da nossa região, de modo a que a actual ligação entre a Régua e Amarante, pudesse ter uma alternativa para quem quisesse ir à volta, porque a cadela está parida, a modos de dizer.
Mas certo, certo, é que volvidos anos e anos, feitos quilómetros e mais quilómetros de auto-estradas numa verdadeira revolução tranquila como alguém disse, tudo indica que o IC 26 de que tanto se tem falado, à semelhança de outras coisas, não vai passar de uma miragem aparecida por entre as brumas da nossa indiferença, e foi alimentada pelas ilusões de pacote com que nos adormecem.
IC 26 Uma miragem

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