Chegou a altura de mudar Portugal, para Fernando Nobre, Presidente da AMI.
A candidatura de Fernando Nobre pode ser o relançar da esperança num país amordaçado pelo neofascismo dos oligarcas do Bloco Central dos Interesses. E por outros neofascismos uma vez que a relação dos portugueses com o Poder é cultural e tal Bloco estender-se-ia a quaisquer outros partidos ou organizações que se consolidassem no Poder.
Razão pela qual venho dizendo, há muito tempo, que Portugal não é governável em democracia. Para isso, invoco muitas vezes Michael Walzer: «os portugueses ainda não têm consciência interior, apenas exterior». Estão no estádio de desenvolvimento moral convencional, segundo Lawrence Kohlberg.
Recentemente, tivemos duas provas do que acabo de dizer. Em Portugal, um Comissário Nacional de Polícia circula, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, a 120 kms/hora. Tem um acidente. É imediatamente colocado ao abrigo de um estatuto especial, que não sei qual seja. Nada acontece. Na Suíça, o ano passado, um dirigente de um serviço público conduz a 150 kms /hora numa estrada cantonal. É apanhado pela Polícia. Tenta deslocar a multa para a Secretária. As duas faltas provocam-lhe uma multa se 40.000 euros, a demissão do cargo e a proibição de, no futuro, exercer qualquer cargo público ou político.
Por isso, um colega suíço, também professor, escreveu-me:«Vós, portugueses, nunca chegareis ao centro da Europa». Percebi. Lembrei-me imediatamente de Kant e da Lei Moral. Os portugueses têm muito que caminhar mas a democracia está a destruir-lhes a cultura e a moral, cada vez mais.
Aparentemente à margem de qualquer idelogia partidária, a candidatura de Fernando Nobre traz consigo a ideologia de unir e mobilizar Portugal para o povo português se conhecer e ajudar-se a si próprio a vencer o trágico destino de ser governado por oligarcas ignorantes e egoístas, que comeram o manjar do Estado e semearam injustiças imensas na Sociedade Portuguesa. No entanto, a sua relação com Mário Soares pode colocá-lo perto de uma «révanche» contra Manuel Alegre. O problema não estará do lado de Manuel Alegre mas do lado de Mário Soares, que não sabe viver sem o poder e que só o concebe à imagem de Luís XIV e de D. João V.
Uma coisa é certa: homens como Fernando Nobre, pelo seu passado, nunca aceitariam receber as quatro pensões de aposentação de Cavaco Silva ou as duas de Mário Soares. Só Ramalho Eanes abdicou delas.
Por isso, Fernando Nobre é benvindo. Pelo menos para agitar as águas e lembrar aos portugueses que estão a perder tudo: a sua identidade, a sua cultura, a sua autonomia, a sua democracia, a sua pátria, a sua moral.