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Duas horas e meia, quase três

Retrato de igreja
Manuel Igreja

Duas horas e meia, quase três

Ainda sou do tempo em que com toda a propriedade se dizia que “ quem tem massa, vai ao Porto, quem a não tem, fica em casa”. Era o tempo em que quando uma pessoa lá ia, despedia-se da família por tão demorada ser obrigatoriamente a jornada, então quase impossível de ser feita no mesmo dia no que toca a ir e voltar.

Recordo-me disso, tinha para mim que tudo eram lembranças idas de uma época absolutamente ultrapassada, mas aqui há dias tive a sensação de que afinal se os anos passaram velozes, certas situações nem por isso infelizmente se alteraram. É que ainda é possível, ou antes, ainda é diariamente comum, uma pessoa estar lá na cidade da Torre do Clérigos, iniciar o trajecto neste caso de regresso ao lar, e deparar-se com uma viagem que de tão demorada e inconfortável ser, quase dá para ganhar brancas no cabelo, e para ficar com a espinha num molho.

Parece que não, nesta nossa modernidade, mas mete-se uma pessoa no comboio em S. Bento pelo entardecer de um dia do mês de Fevereiro, mais primaveril que invernoso como sabemos que vai o clima, mais precisamente às dezassete horas e trinta minutos, e desembarca na estação da Régua já para cima das vinte e quinze.

Leva a viagem entre as duas principais cidades ribeirinhas do Douro, tanto ou mais que a viagem entre as duas principais de Portugal, feita por aí abaixo no litoral e numa distância quilométrica a multiplicar por três. Isto para já não falarmos dos incómodos, e da diferença de condições entre uma e outra, pois de tão desiguais serem, nem dá sequer para se compararem.
No nosso caso, entra-se numa carruagem toda catita e moderna no Porto, mas mal se começa a tomar gosto, há que levantar o corpo acomodado em Caíde e que agarrar nas trouxas e sair para se apanhar outro comboio que dali arranca em direcção à Régua.

Mais coisa menos coisa, é assim como se no curto espaço de cinco ou dez metros, se encetasse uma viagem no tempo, e se recuasse a tempos que já lá vão. Passa-se num ápice do século XXI para os meados do século XX para não sermos mais azedos.

Passado que é o primeiro choque no recuo civilizacional, senta-se o passageiro, ouve-se o ronco da máquina que já não apita estridente porque já não é a vapor, e eis que o monstro de ferro, contudo se move. Nota-se a potência apesar de tudo assombrosa do motor que puxa a restante estrutura da composição, mas teme-se em cada arranque e são muitos, que a coisa se desconchave de tanto ser o seu tremer.

Os parafusos valentes aguentam na sua função de união entre as partes que para isso é que são feitos, e mais ronceiro que mula velha porque lhe custa o andar, prosseguem as carruagens a viagem penosa atreladas à locomotiva com os dormentes passageiros no seu dentro, mais pacientes que monge budista em templo oriental onde o tempo não escasseia e nem as pressas aperreiam o acto de se estar vivo. O comboio pára em todas, não desenvolve porque a via não o permite, e duas horas e meia quase três depois de passado o túnel lá no Porto, começa a surgir a ansiada Régua depois da curva a seguir às Caldas do Moledo para nos situarmos melhor neste nosso colocar na geografia.

Com a maior falta de justiça para nós que somos “ cá de cima e cá de dentro”, neste Portugal assimétrico, quando se fala em comboios que circulam a trezentos e tal á hora com todo o luxo, andar de comboio é um verdadeiro calvário bem capaz de moer a paciência ao maior dos santos do altar. Será porque não sabemos pedir a quem ouve, será porque não sabemos exigir, mas de certeza que não é porque não merecemos. De qualquer modo, tenham paciência, mas que não é deste tempo, lá isso não é.

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