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Crónica da escravidão perpétua

Retrato de chrys
Chrys Chrystello

Crónica da escravidão perpétua

 

     aborígenes australianos em cativeiro séc. XIX-XX.

 

Por vezes acontecem ideias a meio da noite ou em sonhos de despertares súbitos. Foi isso que sucedeu quando totalmente exsudado despertei e entendi a máquina que move os humanos. Lembrei-me de todas as civilizações existentes na História Moderna desde a Grécia a Roma e mais recentes civilizações. Entendi agora pontos mais obscuros da teoria dos multiversos, ou universos paralelos e tudo que há de comum em toda a História da Humanidade.

 

Locke é considerado pelos seus críticos como sendo "o último grande filósofo que procura justificar a escravidão absoluta e perpétua". Ao mesmo tempo que dizia que todos os homens são iguais, Locke defendia a escravidão a exemplo de Aristóteles, que foi o primeiro a fazer um tratado político defendendo a escravidão. Na época, a escravidão era uma prática comum, e isso classificaria Locke como um homem da época - o que não diminuiria a importância das suas ideias, revolucionárias em relação ao seu tempo.

 

A escravidão não é coisa do passado e de países pobres, e pior: nunca foi tão lucrativa. O alerta vem do advogado, autor e ativista Siddharth Kara, um dos principais especialistas do mundo em tráfico de pessoas e escravidão, temas que estuda e leciona na Universidade de Harvard. “Nenhum país é imune e somos todos cúmplices. A escravidão permeia a economia global mais do que em qualquer momento do passado”, diz ele. A estimativa é que a indústria da escravidão gere lucros de até 150 bilhões de dólares por ano. Há 21 milhões de escravos no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Nos últimos 17 anos, Kara entrevistou mais de 5 mil pessoas que estão ou estiveram nestas condições em mais de 50 países.

 

Mas afinal de que escravidão falamos, pois existem tantas formas e variadas manifestações? Há uma forma generalizada e comum a quase todos: “Nunca ninguém foi verdadeiramente livre” por mais aparência de liberdade que existisse, como foi o caso das gerações que viveram entre 1960 e 2000, considerado, por alguns, o período em que mais liberdadezinhas tiveram os humanos no mundo ocidental.

 

Desde sempre sujeitos a normas e convenções, com mais ou menos liberdade de opções, a humanidade esteve sempre sujeita aos desígnios de uma pequeníssima minoria mandante que dita os moldes da escravidão de cada era, desde a fixação do trabalho, à sua remuneração, às recompensas por bom comportamento dos seus súbditos, à existência ou não de tempos de lazer, desde que a engrenagem produtiva não seja afetada, nem mesmo aqueles que, pretensamente, vivem off-the-grid (fora da rede). Estes continuam a necessitar de bens produzidos pelo sistema e o sistema de “barter” ou troca direta nem sempre é possível para aquisição daquilo de que precisam para viverem fora da rede.

 

Isto é verdade em todas as ocupações e profissões e os desprovidos são os desempregados, os sem-abrigo e outros que fugiram ao ciclo produtivo com toda a liberdade de fazerem o que quiserem desde que seja gratuito, o que os limita a viverem à sombra da bananeira, nalguma ilha deserta e tropical, rica em produtos para a sua alimentação, vestuário e outras necessidades primárias. E todos sabemos que isto só é possível em literatura ou em casos, muito isolados.

 

Os senhores do mundo, usam os instrumentos ao seu dispor desde a escravatura materialista das sociedades contemporâneas à religião, à contrainformação, aos grandes espetáculos circenses que reproduzem a velha máxima romana de “política do Pão e circo (panem et circenses)” que vai dos mundiais de futebol, aos vários outros desportos de massas, anestesiando as massas e dando fuga a sentimentos reprimidos.

 

Basta averiguar o mito das férias. Se estiver numa ocupação produtiva remunerada, provavelmente recebe um montante extra para gastar, caso contrário se viver, como eu, na Lomba da Maia, se não tiver dinheiro extra nem carro próprio, terá de ir a pé os 4 km até à Praia da Viola e chamará a isso férias, ou aproveitará esse tempo livre para cuidar da casa, pintá-la, renová-la com o seu trabalho gratuito e chama a isso de férias.

 

Se entrou num esquema de crédito ao consumo, nunca mais se libertará do ciclo vicioso de trabalhar para pagar ao banco o que pediu emprestado e os juros exorbitantes dessa invenção a que chamam dinheiro. Em qualquer outra esfera da vida será o mesmo. Endividou-se para estudar, então trabalhe, seja explorado para poder reembolsar a banca, a mesma que não vai à falência e sobrevive explorando-o a si e aos dinheiros dos demais contribuintes.

 

Seria uma vida mais livre e menos escrava antes de se ter inventado o dinheiro? Não temos relatos fidedignos na história…

 

Se depois desta curta resenha ainda pensa que não é um escravo, pense nos seus antepassados e imagine como será o futuro dos seus descendentes e verá como é apto o título desta crónica. E se pensa que os mandantes e donos disto tudo são livres desengane-se, sem os escravos perpétuos eles nada são e têm de se certificar constantemente de que há escravos suficientes para eles manterem o sistema a funcionar. Por mais oleado que o esquema esteja terão sempre de inventar novas normas e retribuições ou mentiras, fake news, para que a roda dentada da engrenagem continue a funcionar. 

 

E os poetas, sonhadores, escritores e outros como eu, enganam-se pensando que ao escreverem isto são livres, mas é só nessa realidade virtual da escrita que eles atingem esse modicum enganoso de liberdade.

 

Chrys Chrystello, Jornalista, MEEA/AJA (Australian Journalists' Association - Membro Honorário Vitalício

 

 

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