Teresa A. Ferreira

Teresa A. Ferreira

Como matar lentamente um povo

Se queremos matar lentamente um povo é isolá-lo, desprovê-lo de vias de comunicação eficiente para chegar aos pontos fulcrais onde pode ter acesso à saúde, educação, emprego, comércio, serviços, cultura etc.

Ao nordeste transmontano foi retirado o comboio e muito demorou a chegar a autoestrada. Mas a rede de estradas de ligação à A4 não está suficientemente implementada. Tudo se faz longe para uma população envelhecida com transportes públicos precários, insuficientes, ou até inexistentes. É mirabolante alguém, sem transporte próprio, conseguir meios para se deslocar a uma consulta médica. O despovoamento é uma das consequências de apostas erradas de sucessivos governos, CIMS, autarquias e juntas de freguesia.

Quero falar-vos de um exemplo concreto de uma vila que definha de ano para ano, devido ao mau planeamento, Torre de Dona Chama. Esta vila é freguesia do município de Mirandela. Melhor fora que o povo deixasse de se comportar como a “galinha de Hitler”. Ponham os olhos no Presidente da Junta de Freguesia de Frechas.

Sem uma boa estrada de ligação à A4 e sem que se aposte na transferência de serviços para Torre de Dona Chama, de nada lhe serve ser uma localidade riquíssima em património histórico-arqueológico e imaterial. Os visitantes não vão percorrer a estrada de ligação Mirandela-Mascarenhas-Torre de Dona Chama para fazerem um verdadeiro rali em penosos 25 km.

Por falar em Património… Não custa mais do que uns trocos, à autarquia, colocar placas identificativas, com uma breve descrição, junto ao Pelourinho e ao Berrão, no Castro de São Brás, na Igreja de Guide e no lagar romano no Monte Cercado. Há que fazer a revitalização da via romana XVII, já identificada, pois seria mais um ex-líbris para a vila; um museu pluridisciplinar que também abrangesse a etnografia e a arqueologia; e um Centro de Interpretação do Castro de São Brás.

Os poucos visitantes que chegam a Torre de Dona Chama sentem-se perdidos porque não sabem o que visitar. Há apenas uma placa identificativa junto à Ponte de Pedra, Monumento Nacional Romano, sobre o rio Tuela. Dentro da localidade não há nenhuma placa a indicar o caminho para este Monumento Nacional.

Os flamenses precisam de muito mais do que uma mão cheia de nada; de promessas, em campanhas eleitorais, que não cumprem; de beijinhos para amansar o pelo...


© Teresa do Amparo Ferreira, 06-04-2024
    𝙉𝙖𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙚 𝙏𝙤𝙧𝙧𝙚 𝙙𝙚 𝘿𝙤𝙣𝙖 𝘾𝙝𝙖𝙢𝙖,
    Mirandela, Bragança, Portugal.

Foto: Ponte de Pedra, Monumento Nacional Romano, sobre o rio Tuela; localizada na EN206, quilómetro 184.


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