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As cidades onde não moramos

Retrato de igreja
Manuel Igreja

As cidades onde não moramos

Andava eu às voltas, às s voltas à procura de tema e de título para o texto que aqui vos deixo, quando me deparei na televisão noite adentro, com um programa com o título que exibo. Foi uma chispa, e logo se me começou a desenrolar o assunto. Falta agora é ver se o engenho e arte serão suficientes para a dissertação que se impõe a quem se mete em semelhantes guisados.

Mas indo ao que interessa pois o até aqui, foi como que um ganhar de balanço para que a pena ganhe o jeito, sigo para referir que quando há quase nove mil anos, um piscar de olhos no medir do tempo da evolução da vida na terra, os antigos começaram a construir as primeiras cidades, escolheram um ponto, e em redor dele edificaram o templo, os edifícios de serviços públicos, e mais umas quantas casas de habitação. No fundo, fizeram um largo.

Aos poucos e conforme as necessidades, foram depois colocando em pé, argamassa sobre argamassa e pedra sobre pedra, mais casas e edifícios. As cidades foram adquirindo forma e conteúdo, e o espírito de pertença foi-se desenvolvendo. O quotidiano fazia-se com todos a fluírem para o largo, e neste circulavam pessoas que tropeçavam em ideias e granjeavam opiniões. Era-se de uma cidade, ao mesmo tempo que esta se entranhava pelas almas numa forma indelével e até eterna. Circundaram-se as urbes com muralhas fortes por causa dos inimigos que eram muitos e permanentes, e davam-se as vidas na defesa das mesmas.

Depois, já pelos finais da Idade Média, as cidades incharam, rebentaram pelas costuras, e as casas foram surgindo fora de muros. No entanto, o largo, esteve sempre presente. Nunca lhe faltaram pessoas a dar-lhe vida, e a procurem nele tantas vezes o rumo para as suas próprias existências. Ia-se ao largo tornado centro histórico por causa das memórias bem palpáveis e da antiguidade orgulhosamente tida, porque ali acontecia a vida de cada qual, tornada de todos pela soma das partes.

Em Portugal também assim foi até há uns trinta anos para cá. Mas deixou de ser por erros nossos e má fortuna, como se começa finalmente a entender. A páginas tantas do nosso devir, o país com a sua industria, com a sua agricultura e as suas pescas trocadas por alcatrão para auto-estradas, viu-se dependurado essencialmente no sector da construção civil, logo ávido como se compreende por lucros rápidos e fáceis. As autarquias sedentas de receitas para as enormes despesas, aproveitaram o manancial sob a forma de impostos e outras coisas que tais, e incentivaram tanto a acção como a deixaram desregular-se. Ao povo, desejoso de pão e de circo, foi-lhe dado futebol pago com alguns dos proventos do negócio.

O contentamento foi muito, mas o alheamento foi ainda maior. Como o mais proveitoso e o mais fácil, era construir-se de novo em locais desocupados mesmo que cultivados, as urbanizações surgiram que nem colmeias de zelosas abelhas, levando a que se desenhassem novas cidades nas bordas das seculares que criminosamente se esvaziaram. Os responsáveis pelos destinos comuns aperceberam-se da coisa, mas fizeram olhos cegos e orelhas moucas. Foi-lhes conveniente. Foi o que foi.

O problema, é que agora deitam-se as mãos às cabeças. Ninguém mora nas cidades, e a partir do fim das tardes, não se vê por elas vivalma. Fica escuro, e dá medo andar-se a pé pelo centros históricos das nossas cidades. Fossem os fantasmas reais, e não faltariam eles de lençol pelas esquinas de ruas e ruelas. Isto, se não tivessem também pavor da fauna humana que pulula a desoras nos caminhos da sua e da nossa perdição, nas calçadas outrora palmilhadas nas azáfamas que nos antecederam.

Pelo que ficou dito e visto no dito programa de televisão, o assunto assume a partir de agora cariz de muita oficial preocupação. O motivo não é para menos, e a inquietação só peca por tardia. Esperemos que seja atempada. A Lisboa em plena baixa é o local de Portugal menos povoado em termos de moradores, e cidades como o Porto, para irmos somente às duas principais, são cenários óptimos para filmagens de sítios bombardeados pela aviação de tantos serem os edifícios em ruínas que ostentam para vergonha de quem a tiver.

Esta não tem sido muita. Faltou ao ponto de hoje, milhares de anos depois das primeiras comunidades organizadas, não existirem largos, mas existirem a monte urbanizações de onde ninguém e de onde ninguém se sente. Perdoem-nos os que nos deram o existir, por termos estragado o que eles fizeram.

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