Quando há cerca de dez anos, em parceria com um sobrinho, se decidiu dedicar à produção de flores em estufa e começou a sondar o mercado deste sector, Manuel Alves, um ex-emigrante nos Estados Unidos da América, logo se apercebeu que a procura interna deste produto não conseguiria dar resposta ao volume de produção que resultaria do projecto de investimento - comparticipado pelos fundos comunitários - que fizera em Sabroso de Aguiar, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Foi então que lhe falaram numa cooperativa galega, sedeada em Ourense. Os primeiros contactos não se fizeram esperar. E, sem grandes hesitações, o floricultor tornou-se sócio daquela agremiação que conta com cerca de 120 sócios, onde se encontram mais alguns transmontanos ligados à mesma actividade.

Manuel Alves comprometeu-se então a entregar toda a sua produção na vila de Verin, a cerca de 25 quilómetros de Chaves, e onde a cooperativa possui um armazém de recolha. E assim tem feito. Depois de devidamente embaladas em caixas de 20 ou 30 unidades, é para lá que o floricultor transporta as suas flores, cravos na maioria, apesar de também produzir algumas cravinas, gladíolos e gervásias.

A maior parte das flores são "consumidas" no próprio mercado espanhol. No entanto, Manuel Alves assegura que o excedente é exportado para outros países da Europa. Entre os quais Portugal. Algumas dessas flores voltam mesmo para a própria região portuguesa de onde saíram. Manuel Alves conta com alguma ironia que uma das vezes em que foi fazer a entrega a Verin, em vez de descarregar no armazém lhe pediram para as colocar directamente num carro que se encontrava estacionado nas imediações. Qual não foi o seu espanto quando se apercebeu que a matrícula do carro era portuguesa. Mas a surpresa redobrou quando, minutos depois, compreendeu que o condutor do carro era de Valpaços. O floricultor lamenta a falta de coordenação no mercado interno, e que o negócio entre produtores e compradores portugueses e da mesma região tenha de ser feito por uma agremiação galega.

Falta de mão-de-obra

Mas este facto não é, contudo, o grande problema de Manuel Alves, que se diz satisfeito com o trabalho desenvolvido pelos responsáveis da associação do país vizinho. O grande "inimigo" deste produtor de flores é a falta de mão-de-obra. Quando iniciou a sua actividade, o floricultor chegou a produzir uma média diária de 10 a 15 mil flores, numa exploração com perto de 15 hectares. Agora, porém, a realidade é bem diferente. O terreno de cultivo reduziu-se para pouco mais de 4 mil metros quadrados e a produção passou para as cinco mil unidades semanais. Por trás desta brusca descida de produção está precisamente a falta de pessoas para trabalhar nas estufas. No dia em que o DTOM visitou a exploração de Manuel Silva, apenas a sua esposa estava ao serviço. A única funcionária que restava das 15 que já empregou tinha-se despedido no dia anterior.



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