Um relatório sobre a ponte romana de Chaves, cuja reabertura ao trânsito será decidida em referendo local, revela não serem evidentes consequências estruturais relevantes da circulação automóvel, mas considera que a atual utilização pedonal é a ideal.

Disponível no sítio oficial na Internet da autarquia de Chaves, no distrito de Vila Real, o relatório da inspeção realizada refere que "a ponte já foi utilizada como via rodoviária e não são evidentes consequências estruturais relevantes que resultem desta situação".

"Neste âmbito, a eventual utilização exclusiva para veículos ligeiros a circular apenas num sentido é também uma atenuante relevante visto que normalmente a magnitude de cargas envolvidas nesta situação não é expressiva", acrescenta.

O documento aponta que, do "ponto de vista estrutural, a utilização atual é a ideal visto que não existem sobrecargas significativas sobre a estrutura nem outros efeitos colaterais associados à passagem de tráfego tal como vibrações e forças horizontais associadas à travagem dos veículos em cima da plataforma viária".

O estudo, elaborado pela empresa Betar Consultores, realça também que, "apesar de não se terem identificado indícios de anomalias de cariz estrutural relevantes, não é possível assegurar com uma mera inspeção visual as condições de segurança da estrutura e sua capacidade resistente a determinadas solicitações, nomeadamente à passagem de tráfego".

O referendo local em Chaves sobre a reabertura ao trânsito da ponte romana, que é pedonal desde 2008 e está classificada como monumento nacional, vai realizar-se em 13 de setembro e terá uma única pergunta de resposta "sim" ou "não", nomeadamente: "Concorda com a reabertura da ponte romana de Chaves ao trânsito de veículos automóveis ligeiros, num único sentido?".

Na secção sobre as principais anomalias identificadas, o documento menciona “a inspeção visual realizada no início de junho não revelou a existência de anomalias que comprometam a sua capacidade resistente”.

Quanto ao seu estado de conservação, é atribuído o nível três (mau) em cinco níveis, sendo o nível zero o mais alto (ótimo) e o nível cinco o mais baixo (crítico).

“Apesar da classificação atribuída, a ponte está em razoável estado de conservação”, lê-se no relatório que acrescenta que, “ao nível dos apoios intermédios, componente estrutural considerado fundamental e que condicionou a classificação atribuída à ponte, detetaram-se algumas cavidades pontuais nas fundações, bem como a ausência ou deslocamento de blocos de alvenaria das proteções das fundações”.

Segundo os técnicos, “este tipo de anomalias poderá ter consequências futuras que poderão ser relevantes em função da potencial evolução das anomalias”.

O presidente da Câmara de Chaves realçou à Lusa que o relatório revela que a ponte “não apresenta nenhuma situação de fragilidade de segurança” para a circulação automóvel.

"Há uma pronúncia técnica que diz que a ponte claramente não apresenta nenhuma situação de fragilidade de segurança que impeça uma solução de trânsito automóvel. O que diz é que se tem de monitorizar esta, como se tem de monitorizar todas para que efetivamente possam fazer os ajustamentos necessários", realçou.

Para Nuno Vaz, o que está em causa é que "claramente, sem falsos argumentos, falácias e mentiras, pode-se dizer aos cidadãos que se podem pronunciar sobre esta matéria".

O presidente da Câmara de Chaves disse ainda que o compromisso para realizar o referendo surgiu na campanha eleitoral de 2017, que continuará sem se pronunciar sobre a sua intenção de voto - para "não influenciar nenhuma das decisões" - e apelou à participação dos cidadãos de todo o concelho.

"É fundamental que as pessoas participem, de forma informada. Tão legítimo é aqueles que pensam que o voto deve ser não como os que dizem que o voto deve ser sim", disse Nuno Vaz.

O referendo é um "momento cívico importante e único no concelho" e que poderá abrir oportunidade para mais referendos sobre "outras matérias relevantes", concluiu.



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