Os pais de uma criança de dois anos e meio, com paralisia cerebral resultante de trauma de parto, revoltaram-se contra o Conselho de Administração do Hospital Distrital de Mirandela (HDM), por, alegadamente, ter recusado o fornecimento de seringas para alimentação e administração de medicação, material indispensável aos cuidados de saúde a prestar ao Gonçalo, que continua a ser alimentado por uma sonda.

Só depois de rebentar a polémica foi possível encontrar uma solução de recurso, pois o Centro de Saúde ainda não tinha qualquer informação para assumir o papel que agora lhe compete.

A criança tem um grau de incapacidade de 95% e viveu sempre internada no serviço de Pediatria do HDM, por necessitar de cuidados permanentes. No entanto, a 11 de Agosto último teve alta hospitalar e está agora em casa, com apoio de terceira pessoa, de dia, e ao cuidado dos pais, depois do horário de trabalho.

Os pais, Mário Damasceno e Isabel Bragada, estavam revoltados com a recusa do Hospital e por a decisão não lhes ter sido comunicada antecipadamente. Isabel não se conforma com a situação, ainda para mais porque diz ter recebido \"indicações do Hospital de que, sempre que fosse necessário material para o Gonçalo, seria facultado\".

Como as seringas são indispensáveis à sobrevivência do menino, os pais não entendem a atitude, alegando que a obrigatoriedade de o Hospital continuar a fornecer material está estipulada no relatório da Inspecção Geral da Saúde, quando se refere que, \"dentro do possível, seja dada continuidade aos cuidados hospitalares e outros\".

O casal queixou-se, por escrito, à Administração do hospital. Começaram por planear a reutilização de algum material, enquanto não houvesse uma resposta.

Só depois de alguma pressão é que o director clínico do HDM, Américo Magalhães, revelou ter assinado um despacho para que a entrega de seringas fosse mantida, até o Centro de Saúde tomar conta da situação. Tornou-se perceptível que não terá havido a melhor articulação entre as duas unidades de saúde, dado que ainda não tinha chegado qualquer informação nesse sentido ao Centro de Saúde de Mirandela, cuja directora manifestou toda a disponibilidade para a cedência do material, logo que a situação fosse conhecida oficialmente.

Rosário Branco aguardava uma indicação do serviço de Pediatria do hospital ao médico de família, \"para, posteriormente, ceder o material e os cuidados primários necessários\".



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