Os presidentes do Municípios ribeirinhos do Tua vão mandar elaborar um estudo para apurar o modelo de desenvolvimento possível para o vale, quer se faça ou não uma barragem junto à foz. A decisão saiu de uma reunião de quase três horas, ontem à tarde, na Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.

Esperava-se mais do encontro que juntou os autarcas de Alijó, Carrazeda, Mirandela, Murça e Vila Flor, e também o chefe de projecto da Estrutura de Missão do Douro. No final, apenas um comunicado de duas páginas, lido pelo anfitrião, sem direito a explicações, e sem qualquer referência a uma reivindicação específica a fazer à EDP, previsivelmente a concessionária da barragem.

Os restantes participantes também não fizeram qualquer declaração, o que poderá deixar antever que, a partir de agora, apenas falarão a uma só voz, desde que o motivo seja o seu projecto conjunto. Um projecto que assenta na \"defesa intransigente da população do vale do Tua\" e na implementação de um \"programa de acção de desenvolvimento integrado\".

De resto, ficou claro que a reunião teve como base o arranque de um projecto conjunto e não a discussão de um ou outro investimento isolado. Os autarcas entendem-no como \"indispensável\" a um território do interior Norte, que dizem estar \"esquecido e isolado\", para além de precisar de \"iniciativa, apoios e discriminação positiva\".

Só que antes de darem mais algum passo, os responsáveis por aqueles concelhos querem inteirar-se da real situação económica, social, ambiental e cultural da região abrangida. Para tal, decidiram que deve ser elaborado \"um estudo que complete todos os cenários de evolução possíveis, incluindo ou não a construção da barragem, bem como a manutenção, ou não, da linha do Tua\". E o projecto terá de ter em conta o ordenamento do território, a mobilidade, a agricultura, o turismo e o património.

Da tradução do comunicado resulta ainda claro que todos os intervenientes estão imbuídos do espírito de \"procurar riqueza, competitividade e inovação\", materializado num projecto \"público e privado\", de várias facetas, que esteja voltado para o interior do vale do Tua.

Voz discordante

Dos cinco autarcas apenas o de Mirandela tem lutado contra a construção da barragem, mas no final da reunião de ontem também não ficou a saber-se se mantém a luta ou se concordou com os seus homólogos. Refira-se, porém, que no comunicado está explicito que o processo ontem iniciado afasta qualquer cenário de \"extremar de posições cegas de quem está a favor ou contra uma obra, sem uma avaliação prévia cuidada\". Os autarcas comprometeram-se mesmo a \"partilhar, discutir e fazer convergir\" em torno de um projecto de \"inclusão social alargada\", que não prende acentuar divergências.



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