De repente, o cansaço e o desgaste que a pintura de paisagens causa deu lugar à fruição e à libertação da cor. Durante o seu projecto «Margens Douro, Nascente Foz», Balbina Mendes foi rigorosa com as paisagens que pintou do rio, obedecendo ao ambiente, à atmosfera, às cores. Um rigor que a levou ao cansaço e ao desgaste.

Mas como o projecto não se cingia às paisagens do rio, incluia cenas do quotidiano, do trabalho e da festa, para uma determinada tela surgiu-lhe uma máscara. A máscara do Chocalheiro de Bemposta. \"E foi tal a fruição, o gozo que me deu depois de milhares de temas paisagísticos, uma libertação pela cor que decidi que o meu projecto seguinte seria com as máscaras\", objectos de tradição ancestral em Trás-os-Montes e mesmo no Douro. E é esse o projecto que está a ultimar.

Balbina Mendes
«Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes», uma vez acabado, será um projecto com mais de trinta telas. Tal como \"Margens Douro, Nascente Foz\", dará origem a uma exposição e a um livro que incluirá as três dezenas de telas seleccionadas acompanhadas de textos sobre a tradição da máscara.

A edição incluiu um DVD com filmes dos cortejos protagonizados pelas máscaras, entre os quais a Festa de Santo Estêvão ou dos Rapazes, o Carnaval e o teatro de rua que encerra a Quaresma, o Colóquio, mas também a Encomendação das Almas e o Carnaval de Casamentos, tradições que, lamenta Balbina Mendes, \"estão a acabar\".

Apesar desta preocupação antropológica do projecto, a pintora não precisou de pesquisar para chegar às máscaras. Transmontana de Miranda, as máscaras são inerentes à sua memória. Nas telas grandes que vem pintando \"tomo-as como minhas\", esclarece.

O aspecto cromático foi definitivo para este projecto. \"A cor, a textura, os materiais\" estão a guiar este «Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes», cujas pinturas, por isso mesmo, se centram na máscara e não no mascarado. As máscaras de Lazarim, Lamego, traçam a rota desde o Douro, até ás suas congéneres de territórios a Norte, como Miranda do Douro, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Bragança, Vinhais e Mogadouro.

Ainda em processo criativo, Balbina Mendes anuncia uma pré-exposição deste projecto em Bruxelas, em Março do próximo ano, seguindo-se Zurique, onde será a inauguração de uma exposição, agora antecipada no «Ciência Hoje».



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