A maioria das zonas de montanha em Portugal, onde vive 26,5 por cento da população do país, tem dificuldades de acesso aos mercados, verificando-se ainda a ausência de infra-estruturas essenciais como hospitais.

O retrato é feito num relatório sobre "As áreas de montanha na Europa" publicado hoje pela Comissão Europeia, em Bruxelas, e que analisa uma série de factores sociais e económicos nas principais maciços montanhosos nos Estados-membros, países em adesão e outros países europeus como a Noruega e Suíça.

As zonas de montanha estudadas em Portugal localizam-se nas ilhas dos Açores e Madeira, Estremadura, Noroeste português, planalto transmontano e beirão e Algarve.

Segundo o documento, os "maciços com o acesso aos mercados e alta densidade populacional encontram-se sobretudo na Europa do Sul", nomeadamente Espanha e Portugal.

Outras zonas montanhosas no centro/noroeste do país, com baixa densidade populacional, têm igualmente um baixo nível de acesso ao mercado e são caracterizadas pela alta proporção de empregos no sector primário (agricultura).

A única zona montanhosa portuguesa que dispõe "das melhores condições" é na Estremadura, assinala o relatório.

No que respeita a infra-estruturas, o documento salienta que a Madeira e os Açores são a únicas regiões montanhosas portuguesas analisadas com aeroporto na zona.

Os maciços montanhosos dos três grupos de ilhas dos Açores, o complexo estremenho e a Serra Algarvia não dispõem de hospital na zona (com mais de 300 camas), lê-se no documento.

Positiva é a existência, segundo os investigadores, de várias universidades (Coimbra, Covilhã, Funchal, Guimarães e Viseu), um dos factores considerados de desenvolvimento para as regiões montanhosas.

No levantamento feito em relação a Portugal, concluiu-se que as áreas de montanha ocupam 39,1 por cento do território nacional, aí habitando 2.741.590 pessoas, que correspondem a 26,5 por cento da população portuguesa, muitas das quais idosas, em especial no Norte do país.

A densidade populacional entre 1991 e 2001 desceu, em grande parte, devido a movimentos migratórios.

Estas regiões caracterizam-se essencialmente pela actividade agrícola, em especial a plantação de vinha e oliveiras, com principal incidência nas zonas mais baixas.

No entanto, é o sector terciário (serviços) que domina a actividade profissional dos habitantes das montanhas portuguesas, em especial nas zonas de planície junto aos maciços montanhosos.

Embora o acesso das populações das montanhas europeias aos serviços e infra-estruturas seja considerado "equilibrado" por Bruxelas, o relatório não deixa de notar que "a densidade de serviços nestas áreas é muito baixo do que nas zonas baixas, o que leva a padrões de acessibilidade muito distintos".

O estudo fornece dados detalhados sobre a situação económica e social de 29 países da Europa, tendo em vista a aplicação das políticas europeias de âmbito regional.



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