«O homem volta-se para a geometria como as plantas se voltam para o sol é a mesma necessidade de clareza. Todas as culturas foram iluminadas pela geometria cujas formas despertam no espírito um sentimento de exactidão e de evidência absoluta». As palavras são de Nadir Afonso, o artista que está presente na Galeria de Arte do JN com um conjunto de obras das últimas décadas. A exposição \"Futuro\", que está patente até ao dia 26 de Agosto, já recebeu cerca de 800 visitantes.

Naquela que é a sua segunda exposição na galeria do JN, o pintor transmontano apresenta 27 quadros, entre acrílicos sobre tela - os de maiores dimensões, como \"Apolo\" e \"GÎndola\", ambos datados deste ano - e guaches sobre papel, estes com nomes de cidades estrangeiras.

Aos 87 anos, Nadir Afonso vê nestes quadros \"pontos de partida\" na sua incessante procura da arte, o que explica o facto de não colocar outra hipótese que não seja pintar. \"Grande parte da minha obra, que está em estudos, aguarda impacientemente essas telas finais. Telas para o futuro, porque talvez melhor compreendidas nos tempos vindouros do que no presente\", refere o artista, também comissário desta mostra, num dos textos que escreveu para o catálogo.

Na presente fase, o artista de Chaves confessa que só lhe apetece fazer quadros de grandes dimensões. E eles estão, na verdade, em maioria na exposição \"Futuro\". Outra marca de Nadir Afonso é o fascínio pela geometria, que o assalta desde a infância. O pintor entende que a obra de arte é regida por leis matemáticas e lembra que criou a primeira aos quatro anos, ao desenhar um círculo vermelho numa parede.

Pessimista confesso, o homem que esteve para se chamar Orlando continua a sentir necessidade de retocar os seus quadros. ExpÎs pela primeira vez em Portugal com pouco mais de 20 anos, mas foi em Paris que, aos 36, que realizou a primeira grande mostra individual.

O conjunto que agora apresenta no JN faz parte do acervo da colecção da futura fundação Nadir Afonso, que ficará instalada em Chaves, num edifício desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza.

\"Futuro\" é a terceira exposição que o JN proporciona ao público portuense após a reabertura da galeria. Por ali já passaram obras da Colecção Berardo e trabalhos recentes de Júlio Resende. O espaço pode ser visitado de segunda a sexta-feira, entre as 11 e as 20 horas, e também aos sábados, domingos e feriados, das 15 às 20.



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