Um grupo de movimentos cívicos e associações solicitou uma “tomada de posição urgente” da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIMAT) sobre os projetos de mineração existentes naquela região, que “tem 1211 quilómetros quadrados alvo de potencial atividade mineira”.

Segundo o documento enviado pelo grupo Barroso e Cabreira aos seis autarcas da CIMAT, no distrito de Vila Real, a que a Lusa teve hoje acesso, “a importância desta problemática ao nível do território da CIMAT justifica uma tomada de posição urgente no sentido de salvaguardar as riquezas naturais do território”.

O grupo Barroso e Cabreira diz que, de acordo com a informação disponível na Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), existem na região 14 pedidos de atribuição de direitos para uma área total de 910 quilómetros quadrados, sete contratos de exploração para uma área total de 18 quilómetros quadrados e seis contratos de prospeção para uma área total de 283 quilómetros quadrados.

“Os custos e prejuízos superam largamente os benefícios e, no contexto ambiental, demográfico, patrimonial e cultural, a par das repercussões comprovadas na saúde humana e na qualidade das nossas águas, os danos serão irreparáveis”, realçou o grupo, que junta associações e movimentos do Alto Tâmega e de outras regiões próximas.

O grupo Barroso e Cabreira destacou ainda, que segundo a DGEG, há 1211 quilómetros quadrados do território da CIMAT “alvo potencial da atividade mineira”, para uma área total de 2922 quilómetros quadrados da CIMAT, que engloba os concelhos de Chaves, Boticas, Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Valpaços e Ribeira de Pena.

O responsável da associação Povo e Natureza do Barroso, que integra o grupo Barroso e Cabreira, Vítor Afonso, explicou à agência Lusa que os autarcas devem tomar uma posição conjunta porque “a sua missão é defender os interesses da população e não os interesses económicos de certas empresas”.

“Há muitos pedidos para a região e potencialmente pode ter um impacto enorme. É preciso refletir se [a mineração] é o futuro que queremos para a região. Nós defendemos que não, que se deve continuar a apostar numa agricultura de qualidade e no turismo”, salientou.

Vítor Afonso realçou ainda a maioria dos projetos estão relacionados com o lítio mas podem envolver outro tipo de minérios e metais como o estanho, ferro ou ouro, alguns com “implicações para o ambiente muito grandes”.

“Julgamos incompatível a multiplicação desenfreada de projetos de minas (grande parte delas a céu aberto) com a salvaguarda deste riquíssimo património natural (uma das regiões com maior biodiversidade, segundo os especialistas) e principalmente com a qualidade das águas que ainda usufruímos e que constitui também a sua principal riqueza”, frisou.

O cenário de “implementação de inúmeras novas minas” é também visto como “incompatível com a promoção de estratégias de desenvolvimento sustentável: pois por definição, as minas enquadram-se numa estratégia de maximização dos lucros a curto-prazo e não numa lógica de desenvolvimento sustentável a longo prazo”.

O grupo junta as associações Inspira!, Montalegre Com Vida, Povo e Natureza do Barroso, Sol aos Pulos, Unidos em Defesa de Covas do Barroso e os movimentos Não às Minas – Montalegre e SOS - Serra da Cabreira - BASTÕES ao ALTO.

À agência Lusa, fonte oficial da CIMAT referiu que este pedido de tomada de posição será levado à próxima reunião daquela entidade, agendada para 02 de março.

 



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