Um trabalhador ficou ferido com gravidade, ontem de manhã, na sequência de um desabamento de terras quando estavam a ser realizados trabalhos de limpeza e remoção de lamas de um poço, propriedade de uma fábrica de alheiras, em Mirandela, situada próximo do nó de acesso ao IP4.

Segundo o JN apurou, o acidente ocorreu cerca das 10,30 horas e atingiu um homem de 48 anos, quando ajudava nos trabalhos efectuados com o auxílio de uma retroescavadora. Como uma parte cedeu, arrastou juntamente o funcionário da fábrica de alheiras, ficando preso devido à queda de terras, lodo e pedras.

Dado o alarme, os Bombeiros Voluntários de Mirandela foram chamados ao local, para onde deslocaram uma ambulância do INEM e outra viatura de operação de socorro. Os seis elementos dos bombeiros conseguiram resgatar e estabilizar a vítima em poucos minutos.

No entanto, quando se preparavam para transportar o ferido para o Hospital Distrital de Mirandela, a apenas dois minutos de distância, chegou uma Viatura da Emergência Médica e de Reanimação (VMER) de Bragança, cujos profissionais de saúde avaliaram a situação clínica da vítima com várias fracturas e suspeita de traumatismo craniano.

Porém, só depois de ter passado mais de uma hora é que os profissionais da VMER Bragança deram indicações aos bombeiros para transportar o ferido para o heliporto do Hospital de Mirandela, para ser transferido para uma unidade de saúde do Porto, devido ao esfacelamento grave de um membro superior.

Entretanto, o JN soube que este facto indignou os profissionais de saúde do Hospital de Mirandela porque o acidente aconteceu a apenas dois minutos de distância daquela unidade de saúde e também porque, neste tipo de episódios, com situações que envolvem politraumatizados, \"a primeira especialidade a observar o doente deveria ser a cirurgia\" existente no hospital.

Para além deste facto e como existem suspeitas de traumatismo craniano, o procedimento correcto seria a avaliação pelo serviço de Neurologia, cuja valência também existe na unidade, até para realizar exames complementares de diagnóstico, nomeadamente a realização de uma tomografia axial computorizada (TAC) para despiste de eventual traumatismo.

A indignação subiu mais devido ao facto de os profissionais da VMER não terem sequer solicitado a intervenção dos serviços do Hospital de Mirandela no processo de transferência do doente via helicóptero e preferido manter o doente, ao calor, na via pública.

Procedimentos médicos considerados \"adequados\"

Confrontado com a situação vivida, o director clínico da administração do Centro Hospitalar do Nordeste Transmontano revelou que o \"procedimento foi considerado adequado, porque o doente tinha uma fractura exposta associada a um problema de má circulação de uma mão. Numa primeira análise, teria de ir para Bragança, porque em Mirandela não há traumatologia, mas como não há nenhum cirurgião vascular nos hospitais do Nordeste, foi considerado melhor para o doente a transferência para onde pudesse ser efectuada a dupla operação, sendo evacuado, por helicóptero, para o Hospital de Santo António, no Porto.\"

Sampaio da Veiga acrescentou que \"não foi pedida a colaboração do Hospital de Mirandela porque não iria resultar na melhoria da qualidade da assistência que estava a ser prestada e só serviria para perder tempo mobilizar demasiado o doente. Por isso, foi decidido esperar na ambulância pela chegada do helicóptero.\"

O director clínico do Centro Hospitalar afirmou, ainda, não ter recebido qualquer informação da equipa VMER de que o doente tenha permanecido cerca de um quarto de hora fora da ambulância, sujeito a altas temperaturas.



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