Águia de Bonelli e populações de morcegos na origem do chumbo do ICNF ao projeto de 92 milhões de euros para instalar aerogeradores em Torre de Moncorvo.

 

Depois de no final de 2013, a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo (CMTM) e a multinacional irlandesa Island terem assinado um contrato de contrapartidas e parcerias regionais para a instalação de um parque eólico com uma potência instalada de 50 megawatts no concelho transmontano, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) deu, agora, um parecer negativo ao projeto. A instalação do parque eólico havia sido concebida para uma área que abrange os concelhos de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães e iria permitir a instalação de 25 a 30 aerogeradores com uma potência de 2 a 2,5 megawatts.

A decisão do ICNF pode colocar em risco um investimento de 92 milhões de euros, que a multinacional estaria disposta a investir com o intuito de aproveitar a energia eólica da região transmontana. De acordo com o ICNF, o projeto obteve um parecer desfavorável pois o equilíbrio no ecossistema da águia de Bonelli e de várias comunidades de morcegos poderia ser seriamente comprometido com os aerogeradores, já que os mesmos iriam ser instalados em áreas altamente sensíveis para ambas as espécies.

Contudo, o autarca da CMTM insurge-se contra esta decisão. “Não podemos desperdiçar um investimento próximo dos cem milhões de euros pela provável existência do que quer que seja”, respondeu Nuno Gonçalves. O edil deu como exemplo a Serra do Caldeirão, onde “existem quatro parques eólicos a menos de um quilómetro das zonas especiais de proteção e é onde existem o maior número de águias de Bonelli”.

O chumbo ambiental implica só em contrapartidas diretas a perda para as autarquias de seis milhões de euros, mais 2,5 por cento da sua faturação anual de energia. Mas não são só os municípios a revoltarem-se contra esta decisão do ICNF. Quatro centenas de proprietários manifestam a sua insatisfação, pois, também eles, irão perder benefícios. “Respeitamos os animais, mas primeiro estão as pessoas! É preciso criar condições para a fixação da população e combater a desertificação”, contesta em uníssono a grande maioria dos habitantes das aldeias da região, que iria ser favorecida por este investimento.

O promotor do Parque Eólico apresentou, entretanto, uma reclamação administrativa para tentar reverter a decisão do ICNF, enquanto os autarcas prometem sensibilizar o Governo na tentativa de reavaliar o projeto.
 

 



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