Os fruticultores transmontanos que reuniram na segunda-feira em Mirandela com a ministra da Agricultura transmitiram que há “uma abertura” por parte do Governo para a instalação de torres antigranizo na região.

O encontro aconteceu na segunda-feira ao final do dia na Ecoteca, em Mirandela e foi a segunda reunião do dia no distrito de Bragança de Maria do Céu Antunes com agricultores, depois de ter estado em Macedo de Cavaleiros.

Estiveram presentes 10 representantes dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e de Vila Flor e durou perto de duas horas.

Luís Vila Real, produtor de maçã no Planalto de Ansiães e porta-voz, contou à Lusa que sobre este pedido, considerado urgente pelos fruticultores, passaram de um “não” para “um sim condicionado”, o que, contudo, não os deixou satisfeitos.

“O que sucede é que o caminho que nos foi apontado [para a instalação das torres antigranizo] é incompatível com a celeridade que nós pretendemos dar à medida”, começou por explicar.

Luís Vila Real diz que Maria do Céu Antunes apontou a necessidade de os agricultores constituírem uma organização de produtores para poderem depois fazer uma candidatura. Esta condicionante não foi bem recebida.

Para Luís Vila Real, o caminho de criar uma organização só para preencher um requisito formal “não faz muito sentido”.

O porta-voz avançou que a agregação de produtores para ganhar escala na comercialização “está pensada”, mas não desta forma “muito rápida”, que representa “investimentos astronómicos” e que precisa de agregar vontades e tempo.

“Atendendo a que estamos a três meses do início de um período crítico [com a possibilidade de queda de granizo] isso é incomportável. Então, ficamos de analisar soluções alternativas para ainda em tempo útil encontrar uma solução (…)”, afirmou Luís Vila Real, acrescentando que vão continuar a intentar negociações.

Para o porta-voz, a medida poderia ser viabilizada se o Governo, por exemplo, adaptasse o diploma destinado às ajudas para as telas antigranizo às torres antigranizo. Luís Vila Real acrescentou que a tutela está “reticente em relação a essa possibilidade”.

Em 2023, só na produção de maçã, o granizo de maio de junho provocou em Carrazeda de Ansiães perdas na produção superiores a 90%, que chegaram a 95 a 98% nas zonas mais mais afetadas. O concelho colhe, em condições normais, 25 a 30 mil toneladas por campanha.

Em Vila Flor, já no Vale da Vilariça, houve quebras no pêssego e na cereja, detalhou Luís Vila Real, que “apesar de não ser tão crítico como Carrazeda de Ansiães começa a ter os seus episódios” e que tem uma “extensão enorme” destas plantações.

Por isso, rematou Luís Vila Real, “o interesse é de todos” os fruticultores, além da medida ser mais barata do que as redes (ou telas) antigranizo.

Um estudo elaborado para os 600 hectares de pomar do Planalto de Ansiães, e que poderiam proteger o restante cultivo envolvente, a comparticipação do Governo poderia começar nos 500 mil euros, se fosse de 50%.

“Nós fizemos um cálculo e não está longe da realidade. Se as telas custam 18 milhões de euros, a comparticipação do Estado seria de nove milhões. Nove milhões com 500 mil euros não tem comparação possível”, afirmou Luís Vila Real à Lusa.

Na quinta-feira, cerca de uma centena de agricultores manifestaram-se junto ao nó de Lodões, em Vila Flor, causando constrangimentos e cortes em vias como o IP2 e o IC5.



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