A tradicional missa do galo celebrada na cidade de Miranda do Douro teve, este ano, sotaque castelhano, já que a frente da eucaristia esteve um padre espanhol, que se deslocou à antiga sede de diocese por não haver um sacerdote português disponível.

A iniciativa de convidar um padre do outro lado da fronteira partiu de um grupo de pessoas que se encontra ligado à organização da tradicional Fogueira do Galo e que colocou o problema da ausência de um padre para celebrar a missa do galo às autoridades eclesiásticas da diocese de Bragança - Miranda, já que o cónego Paulo Pires, que dirige a função religiosa na cidade, encontra-se afastado por motivo de doença. Após varias diligências junto da diocese, não foi possível arranjar um padre português para presidir à celebração. Ao que foi possível apurar, todos o clérigos se encontravam em funções nas respectivas paróquias. Uma situação que será sintoma da falta de padres na região.

A celebração da missa e a fogueira do galo têm, na cidade de Miranda do Douro, uma forte componente religiosa e de convívio entre conterrâneos e famílias, que na maior parte do ano se encontram fora da terra natal. Por isso, ambas as actividades ganham um maior significado.

Assim, apesar da polémica e das temperaturas negativas que se fizerem sentir na noite de consoada, os mirandeses acabaram por cumprir a tradição de assistir às cerimónias natalícias. Mas foram alertando para a \"necessidade de o bispo diocesano olhar para o problema, já que o pároco local é um pessoa com idade avançada\".

Segundo Manuel Rodrigo, presidente da Câmara de Miranda do Douro, a situação é compreensível, já que há poucos sacerdotes na região transmontana. \" Na minha opinião não interessa se o padre é espanhol ou português, o importante é estar com fé e devoção, continuando com um tradição que se perde no tempo\", referiu.

Don Rofino de Barrios, padre castelhano que conduziu a missa do galo, disse, ao JN, que há poucas diferenças na celebração da eucaristia e que tudo se prende com a questão de costumes.

Esta colaboração luso-espanhola já é antiga. Recuando na história até à altura em que Miranda do Douro era uma cidade de bispos - foi sede de diocese entre 1545 e 1780, ano em que foi houve a transferência definitiva para Bragança -, verifica-se que era comum que houvesse intercâmbios entre padres do cabido mirandês e da região de Castela.



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