Eram 2 horas da manhã quando Filipa acordou sobressaltada. As águas tinham rebentado. Ela e António tinham tudo preparado e rapidamente iniciaram as viagem entre Bragança e Vila Real. Na bagagem, ia o kit para a colheita de células estaminais.

Bárbara veio ao mundo no dia 15 de Março de 2006, mas a sua história, como a de quase todos os bebés, começou a ser escrita muito antes. Foi criada na imaginação dos pais, fruto do desejo de alargarem a família, antes mesmo da sua concepção e, enquanto crescia na barriga da mãe, foi idealizada e amada. O seu futuro, ainda antes de nascer, já era motivo de alegria e preocupação para Filipa Dias e António Cordeiro, um jovem casal que o destino quis juntar em Bragança.

Naquela madrugada, a bebé tantas vezes sonhada estava a chegar, às 38 semanas de gestação, como já era previsível que acontecesse. Os cem quilómetros de distância nunca pareceram tão longos; mas, por fim, lá chegaram, os três, ao Hospital de Vila Real. A dilatação era de dois centímetros e tudo indicava que o nascimento ainda demoraria muitas horas, dado que Filipa ainda não tinha contracções. Por isso, António voltou a Bragança, levando com ele algo muito importante.

No hospital, estava tudo a postos para receber Bárbara. O kit para colheita do sangue do cordão umbilical foi entregue à equipa médica. Só restava esperar.

Mas, afinal, a demora foi mais curta do que estava previsto e, às 13 horas, Bárbara nascia. Quarenta e oito centímetros e 3150 quilogramas de gente, bonita e saudável. A amostra foi colhida e armazenada, mas o kit não podia ser expedido porque faltavam os selos da transportadora. Estavam com o pai, algures no IP4. Logo que chegou, António só teve tempo de apresentar-se a Bárbara antes de completar o kit. E as preciosas células lá seguiram para o laboratório.

A decisão de investir 1200 euros naquilo que consideram ser um \"seguro de vida\" não foi difícil de tomar. Filipa e António informaram-se e concluíram que valia a pena. \"A relação entre custo e o possível benefício é muito vantajosa. Se pensarmos que são 1200 euros por 20 anos de cobertura, são cerca de 60 euros por ano. Outro seguro é muito mais caro\", sublinha António.

\"Espero que nunca seja necessário usar, mas, se viesse a ser preciso e eu não tivesse guardado o sangue do cordão umbilical, nunca me perdoaria\", acrescenta Filipa.



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