Vão ser investidos 10 milhões de euros na barragem destinada ao regadio no concelho transmontano. Para os agricultores, "peca por tardia".

A seguir Vila Flor teme que barragem de 10,8 ME seja preterida nos fundos comunitários  A construção da barragem destinada ao regadio em Freixiel, no concelho transmontano de Vila Flor, onde serão investidos mais de dez milhões de euros, promete mudar o cultivo da terra, mas os agricultores dizem que “peca por tardia”.

“Tínhamos um plano para arrancar com a construção de uma barragem em 1978. Contudo, a sua localização não era a mais favorável para a freguesia. Ainda pedimos alteração ao plano, mas nunca objetivemos uma resposta das entidades competentes para uma revisão ao projeto inicial”, recordou o antigo presidente da Freguesia de Freixiel e Vieiro, João Gouveia.

A barragem e todo o sistema de regadio vão custar cerca de 10,17 milhões de euros e vai beneficiar uma área de 600 hectares de terrenos agrícolas.

A albufeira terá uma capacidade de 1,7 milhões de metros cúbicos de água e um paredão com 24 metros de altura que será construído a uma cota de 325 metros de altura.

O projeto contempla ainda uma rede viária de acesso ao sistema de regadio.

Por esta aldeia, do sul do distrito de Bragança, no lado oposto ao Vale da Vilariça, ninguém dúvida que a água é uma mais-valia para a produção de vinho, azeite e hortícolas, ou até para a plantação de culturas agrícolas mais “exóticas”.

Para João Gouveia, também agricultor, a construção da barragem de Redonda das Olgas não beneficiará só Freixiel, mas também a aldeia anexa do Vieiro, que é também uma zona fértil para a agricultura, sobretudo em vinha e olival.

“A obra só peca por tardia. Temos agora de ir em frente, já que o projeto está aprovado e será um grande impulso para este concelho e para concelhos vizinhos. O que povo acha é que já deveria ter sido construída há mais anos”, vincou.

Já Camilo Carvalho, um vinicultor instalado em Freixiel, aldeia que integra o Alto Douro Vinhateiro, refere que a construção da barragem poderá ser um atrativo para instalar população. “A construção da barragem vai dar possibilidade de reconverter as culturas endógenas.

Sem água não é possível explorar as culturas hortícolas e frutícolas, para as quais estas aldeias têm potencial de produção. Eu estou convencido de que a freguesia vai prosperar e incentivar o repovoamento das aldeias”, enfatizou o produtor. De um ponto de vista “técnico”, a construção do sistema regadio é indispensável para se ter qualidade e produção em quantidade em produtos agrícolas e pecuários.

“As infraestruturas que mais contribuem para a fixação de pessoas no meio rural é a construção de barragens e regadios para potenciar aquilo que temos de melhor, que é a agricultura”, afiançou à Lusa o presidente da Associação de Regantes da Vale da Vilariça, Fernando Brás. Já para o presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros, este é um velho anseio da população de Freixiel e Vieiro, com mais de meio século.

Aproveitando o facto de saber que havia um concurso para este tipo de empreendimento, preparámo-nos para efeito. Porém, foi uma luta muito difícil. Foi um concurso muito disputado. A obra já se iniciou com o levantamento topográfico do terreno de construção”, vincou o autarca socialista.

O próximo passo é o levantamento da rede de regra, para ser colocado a concurso. “Há uma série de projetos que têm de ser avaliados, sendo que um dos mais importante é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Há uma coisa que é verdade, é que conseguimos para a freguesia um projeto real, com impacto regional”, frisou Fernando Barros.

Outro dos usos pretendidos para a barragem é o apoio no combate aos incêndios florestais, já que a zona para onde está localizada é frequentemente fustigada pelas chamas, na época crítica dos fogos. “O território onde a barragem vai ser construída é muito fustigado pelos incêndios, no verão.

Aqui há grandes manchas de sobreiros e outras espécies nobres de floresta e esta infraestrutura poderá torna-se vital durante o combate às chamas”, indicou.

A barragem de Ronda das Olgas, em Freixiel, está incluída no Programa Nacional de Regadios que constitui “um importante instrumento de investimento e desenvolvimento do país, designadamente dos territórios rurais”, sendo que, até 2022, absorverá um investimento global de 534 milhões de euros, que se traduzirão em mais 95 mil hectares de regadio e na criação de mais de dez mil novos postos de trabalho permanentes.

Foto: Amigos de Freixiel



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