Vila Flor é uma vila portuguesa do distrito de Bragança, pertencente à Região Norte e sub-região de Terras de Trás-os-Montes, com cerca de 2 200 habitantes (Censos 2011). É sede do município de Vila Flor com 265,81 km² de área e 6697 habitantes (Censos 2011), subdividido em 14 freguesias. O município é limitado a norte por Mirandela, a leste por Alfândega da Fé, a sudeste por Torre de Moncorvo e a oeste por Carrazeda de Ansiães.

Gavião, uma aldeia de construção baixo-medieval!

A aldeia do Gavião, pertence ao concelho de Vila Flor, e à freguesia de Seixo de Manhoses. Fica situada a cerca de 7 km da cidade, sendo que todo o caminho é em terra batida e com alguma brita.

É agora um local em ruínas visitado por quem lá deixou as suas raízes e por aqueles que tem curiosidade em conhecer o local. Há 50 anos que as pessoas começaram a deixar esta aldeia transmontana e não voltaram.

Trata-se de uma aldeia de provável construção baixo-medieval. O caminho que de Seixo de Manhoses dá acesso à aldeia é marcado, numa encruzilhada próxima, por um cruzeiro, erguido sobre um soco quadrangular com alminhas do purgatório pintadas, na face virada a norte, e constituído por uma cruz latina com imagem de Cristo.

A aldeia desenvolve-se para oriente do cruzeiro. As construções são em alvenaria de granito e, em alguns casos, em silhares de granito. Na sua maioria mantêm o pé-direito, correspondendo a um registo ou dois, mas apenas com vestígios de coberturas, sobrados e caixilharias. A este do aglomerado, estende-se uma extensa eira de muito bom labor em silhares de granito bem aparelhados.

Já na segunda metade do século XX, os poucos habitantes do Gavião, começaram a emigrar para França e para África e outras foram para Seixo de Manhoses depois de se cansarem de viver sem condições, pois não tinham água nem eletricidade, nem grande coisa para comer, pois eram tempos de muita fome.

José e Maria, o último casal a sair da aldeia, levavam uma vida resiliente. Trabalhavam no campo e lá plantavam cereais, vegetais, leguminosas, consoante a época do ano. O casal teve doze filhos. Cinco ainda estão vivos, que recordam os pais com muita saudade.

Quem por ali passa tem oportunidade de observar as casas de pedra, com estruturas de madeira e com telhados a ruir. Algumas casas ainda com telhados intactos e portas fechadas têm dono, mas a maioria encontra-se ao abandono. Há vestígios de um lagar e da antiga capela de Santo António, que só já lhe resta o altar e as ruínas que compõem a fachada. A tempestade Leslie, que afetou Portugal em setembro de 2018, acabou por fazer ruir muitas estruturas e telhados.

Nos dias de hoje, a aldeia, apesar de desabitada, ganha vida com a presença dos agricultores na apanha da azeitona e nos terrenos cultivados ou com a visita de aqueles que deixaram lá as suas raízes.

A fonte da água e as suas lendas

Considerada uma das causas da desertificação da aldeia, a fonte de água, era conhecida por ser o único local onde existia água. A fonte deu origem à principal lenda da aldeia abandonada do Gavião. Conta a lenda que no Gavião havia 13 moradores e 14 loucos. Um dos 13 habitantes, um lavrador, tinha um burro e dava-lhe água da fonte, consta-se por isso que até o animal era doido.

Outra das lendas conta que na noite de S. João, os jovens da aldeia, do sexo masculino, tinham de ir sozinhos até à fonte por volta da meia-noite. Quando lá chegassem, haveria uma serpente que lhes morderia um dos dedos do pé. Se não estremecessem, a serpente transformar-se-ia numa bela jovem e o feitiço era quebrado.

A desertificação antes do despovoamento

Apesar dos habitantes do Gavião se terem deslocado para Seixo de Manhoses, na procura de melhores condições de vida, a verdade é que por ali ainda se davam os primeiros passos no desenvolvimento. Como qualquer aldeia rural, não tinha água canalizada e muito menos saneamento e eletricidade. 

Como lá chegar:

  • O melhor acesso para o Gavião é por Seixo de Manhoses. Um pouco depois da entrada da aldeia, há uma placa indicando que se deve virar à esquerda em direção ao Gavião, por um caminho em terra batida com alguma brita.
  • Siga sempre pelo caminho principal até à chegada a um Cruzeiro. Um pouco mais à frente começam-se logo a ver algumas casas em ruínas.

Curiosidades:

  • A aldeia nunca teve rede elétrica.
  • A povoação nunca teve acesso a água canalizada.
  • Todas as ruas da aldeia eram em terra batida com alguma brita.
  • A aldeia encontra-se abandonada à mais de 50 anos.
  • Na aldeia havia apenas 13 moradores.
  • Ainda há vestígios de uma eira, de um lagar e da antiga capela de Santo António.
  • Foram divulgadas imagens da aldeia na novela “A Outra”.
  • Ainda existem algumas casas com telhados e portas fechadas.
  • A aldeia é um local de caça.

Fontes: Wikipédia, Município de Vila Flor, Blogs Locais, Cantinho do Jorge, SinalAberto (Textos com adaptações)

Fotografias: Carlos Espírito Santo (Captadas a 15/05/2021)

 

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