Os pastores do Planalto Mirandês fazem contas à vida ou pensam em desistir da atividade, devido à seca no início do ano e também à escalada dos preços dos fatores de produção, associados à guerra na Ucrânia.

“A chuva de março foi claramente insuficiente. Se a isto acrescentarmos o aumento dos custos dos fatores de produção como os combustíveis, rações ou fertilizantes devido aos danos colaterais da guerra na Ucrânia, há muitos produtores com vontade em desistir. Os produtores estão sufocados devido a estas contingências”, disse hoje à Lusa a  secretária técnica da Associação Nacional de Criadores de Raça Churra Mirandesa, Andrea Cortinhas.

De acordo com a técnica, os ovinos de raça churra mirandesa têm assistido a uma diminuição do efetivo e a  componente pecuária é sempre uma parte complicada para cativar gente jovem, caso não haja apoios concretos para o setor.

“Estamos a tentar convencer os criadores para manterem a suas produções, mas estamos com falta de argumento para os motivar. A idade também já pesa em alguns produtores e, sem ter medidas de apoio, não é fácil cativar os mais jovens para este setor, devido às várias condicionantes inerentes à atividade da pastorícia”, explicou a responsável.

Andrea Cortinhas vincou, ainda, que se não chover durante mês de abril, a produção de fenos e forragens está ainda comprometida e, com o aumentos de combustíveis e nitratos (fertilizantes) para trabalhar a terra, “os produtores vão ter de pagar para produzir, em vez de terem algum retorno económico.

Francisco Lopes, um produtor de Malhadas, no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, disse que os fatores de produção como as rações, combustíveis ou fertilizantes estão a subir de preços diariamente e que há muitas contas a fazer também aos danos provocados pela seca e pela pandemia que também contam na equação.

“Temos que ser resistentes para manter a atividade. Estamos a falar de uma raça de crescimento lento, o que demora mais tempo a criar os animais, o que não os torna tão rentáveis. A seca e a pandemia também não ajudam à produção”.

Por seu lado, Duarte Alves, um criador de ovinos de raça churra mirandesa refere que faz o pastoreio das ovelhas é feito por pessoas com uma certa idade e, com o tempo, a atividade  vai acabando.

“Os mais novos não pegam nesta atividade. Está tudo caro. Alguns produtores só por gosto mantêm a atividade, tal como eu, que estou reformado. Para viver, seria difícil”, frisou.

Já a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, disse que se tem apostado no apoio à sanidade animal que já vem de anos anteriores e vai tentar aumentar  os montantes.

“Tem que ser com alguns incentivos, que estão ao nosso alcance, para poder diminuir os custos de produção e apoiar os criadores”, indicou.

Os ovinos de raça churra mirandesa tem um efetivo de 6.067 machos e fêmeas,  repartidos por 75 produtores do Planalto Mirandês (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso).

Foto: AP



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