Seis anos depois das cheias na Venezuela, que vitimaram 15 mil pessoas e deixaram na miséria muitos portugueses, há ainda emigrantes lusos que passam fome e vivem na pobreza, revelou a Junta de Beneficência Portuguesa de Vargas.

\"Muitas famílias têm vergonha que se saiba do seu estado de pobreza. Há inclusive portugueses que bebem água com açúcar para enganar a fome\", lamentou Yolanda de Sousa, presidente daquela organização.

De acordo com as autoridades venezuelanas, nas cheias de 15 e 16 de Dezembro de 1999 pelo menos 15 mil pessoas morreram no estado de Vargas, norte de Caracas.

Yolanda de Sousa destacou que \"é importante que se saiba o drama de muitos portugueses que emigraram à procura de uma melhor vida, mas que por diversas razões continuam a passar por muitas dificuldades\".

Memória curta

\"Depois das enxurradas, vários políticos portugueses visitaram Vargas, mas já se esqueceram do que aconteceu e de que há muita miséria\", frisou a dirigente associativa.

José Fernandes Freitas, um madeirense de 56 anos que vive em Las Salinas (50 quilómetros a Norte de Caracas), ficou na miséria com as cheias. \"Antes das enxurradas vendia de tudo um pouco, arroz, ovos, peixe e carne por atacado a colégios e alguns negócios. Com o que ganhava vivia bem. Agora trabalho com um carro, levando algumas pessoas dum lado para outro, mas é muito difícil...\", lamentou o madeirense.

\"É bastante difícil conseguir apenas o diário para comer\", frisou o emigrante, recordando que tem mulher, duas filhas e um filho para sustentar.

Em 2001, o governo português aprovou uma linha de crédito bonificado de apoio aos emigrantes. Apesar do crédito ter beneficiado quase 150 agregados familiares, muitos portugueses queixam-se da falta de informação que não lhes permitiu usufruir de qualquer ajuda.



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