Produtores de gado de aldeias de Vila Pouca de Aguiar estão preocupados com os ataques de lobos neste concelho onde, em 2014, se contabilizaram 300 dos 597 registos de prejuízos causados por este animal no distrito de Vila Real.

Enquanto os produtores de Vila Pouca de Aguiar se queixam de um aumento dos prejuízos provocados pelos lobos, a associação não governamental Grupo Lobo diz que o número de ataques tem sido mais ou menos estável nos últimos anos e até que a presença desta espécie protegida tem diminuído na região.

Vila Pouca de Aguiar estende-se pelas serras do Alvão, Falperra e Padrela, onde se verifica a presença regular do lobo e também onde subsistem muitos produtores de gado, que pastoreiam vacas, ovelhas ou cabras.

Segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), em 2014 contabilizaram-se 597 ocorrências relacionadas com prejuízos provocados por lobos no distrito de Vila Real, 300 dos quais em Vila Pouca de Aguiar. Os outros registos são referentes aos concelhos de Alijó (8), Chaves (10), Mondim de Basto (19), Murça (1), Ribeira de Pena (115). Valpaços (14) e Vila Real (130). O ICNF não se mostrou disponível para prestar declarações à agência Lusa sobre este assunto.

António Guedes, dirigente da Cooperativa de Agricultores de Vila Pouca de Aguiar, afirmou que as preocupações entre os produtores estão a aumentar porque "cada vez se veem mais lobos" e os "ataques são cada vez mais".
"Toda a gente que tem animais está preocupada, inclusive eu, que também já me levaram umas ovelhas que estavam dentro de uma cerca", salientou.

O responsável diz que os relatos de ataques são frequentes, mesmo nos rebanhos que "estão guardados por cães" e salientou que espera que as notícias sirvam de "alerta" para as autoridades actuarem. António Guedes referiu ainda que as indemnizações estão a ser pagas, mas alerta que o valor pago não compensa os prejuízos nem o trabalho burocrático da entrega do pedido.

Também Joaquim Costa, coordenador da Associação de Criadores de Gado Maronês, disse que os produtores desta raça bovina estão preocupados e que, em 2014, houve mais queixas do que em anos anteriores. "Os nossos associados queixam-se que as indemnizações são pagas tarde e mal. O que se recebe não chega para compensar a perda do animal", salientou.

Por sua vez, Gonçalo Costa, do Grupo Lobo, explicou que Vila Pouca de Aguiar acaba por ser o concelho central do distrito de Vila Real, onde há muito gado e também onde estão identificadas algumas alcateias de lobos. Logo, acrescentou, é neste concelho que se concentram os ataques. "Isso, aliado à forma de pastorear o gado, com menos proteção ou cães de guarda pequenos, e à redução das presas silvestres do lobo, contribuiu para a existência de prejuízos", salientou.

No entanto, Gonçalo Costa afirmou que se "tem extrapolado" esta questão e considerou que não há mais ataques agora, comparativamente com o havia há cerca de uma década. Disse ainda que se tem notado uma menor presença do lobo no distrito, principalmente nos concelhos mais a norte, como Valpaços e Chaves, e que, mesmo em Vila Pouca de Aguiar, as alcateias estão "mais instáveis".

De acordo com o último censo nacional do lobo (2002/2003), foi identificada a presença de quatro alcateias na serra do Alvão, mais uma na Padrela e outra na Falperra. Gonçalo Costa referiu que, actualmente, deverão existir apenas três a quatro nestas três serras.
Lusa



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