As populações de Veral, Boticas e Monteiros, Vila Pouca de Aguiar unem-se no domingo em defesa da ponte de arame que será afetada pelo enchimento da barragem do Alto Tâmega, sem que esteja garantida a sua reposição.

Estas populações e autarcas do distrito de Vila Real lutam há vários anos pela reposição da ponte pedonal sobre o rio Tâmega, que liga as aldeias de Veral (Boticas) e Monteiros (Vila Pouca de Aguiar) e que vai ser retirada devido à construção da barragem do Alto Tâmega, inserida no Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), concessionado à espanhola Iberdrola.

Segundo foi hoje anunciado pelas duas autarquias, para o próximo domingo está marcado um almoço convívio, em Monteiros, em defesa da ponte de arame e que visa sensibilizar a Iberdrola e o Governo para a necessidade de encontrar uma “solução viável” para a travessia do rio Tâmega e a manutenção das relações de proximidade entre os habitantes das duas aldeias.

Na manhã desse dia, um grupo de habitantes de Veral irá fazer uma caminhada de 1.600 metros até à aldeia vizinha de Monteiros, através da ligação pedonal que agora une as duas localidades e, consequentemente, os dois concelhos.

Em simultâneo, outro grupo irá fazer a viagem de autocarro percorrendo os 54 quilómetros entre as duas aldeias.

Esta distância pelo acesso rodoviário revela, segundo disseram os municípios, a “importância que a ponte de arame tem para os habitantes, não apenas pela distância que os separa, mas sobretudo pelas ligações afetivas e familiares existentes”.

Em meados de novembro, após uma reunião com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), os presidentes das câmaras de Boticas, Fernando Queiroga, e de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, mostraram-se dispostos a contribuir financeiramente com cerca de 400 mil euros, 200 mil euros cada, para a reposição da ponte pedonal.

Trata-se, segundo disseram à Lusa, na altura, de “um esforço muito significativo” para os orçamentos municipais e de um “sinal” de respeito para com as populações.

A proposta apresentada pelos autarcas para a reposição da travessia pedonal representa um investimento total de cerca de 2,9 milhões de euros.

Os autarcas consideram que a decisão cabe ao Estado e que a concretização deverá ser feita pela Iberdrola no âmbito das contrapartidas pela construção do empreendimento.

A agência Lusa tentou obter esclarecimentos da APA sobre este processo mas, até ao momento, não obteve qualquer resposta.

Alberto Machado e Fernando Queiroga alertaram que o “tempo começa a ser um fator muito importante nas decisões”, porque a barragem tem prevista a fase de enchimento para o último trimestre de 2023 e, defenderam, pelo menos “os pilares da nova ponte têm de ser feitos antes dessa fase”.

A barragem do Alto Tâmega é a última que falta concluir no âmbito do SET, estando já a produzir energia as barragens de Daivões e Gouvães.

A reivindicação das populações e autarcas arrasta-se desde que se soube que a ponte pedonal iria ser retirada, sem uma alternativa para o atravessamento do rio.

No entanto, argumentos como o elevado custo da infraestrutura e os poucos utilizadores têm sido usados contra a construção de uma nova ponte.



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