PJ deteve 10 pessoas e executou 100 mandados de busca em ‘Operação Miríade’

A Polícia Judiciária (PJ) confirmou hoje a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

Num comunicado enviado às redações, a PJ adiantou que “as investigações prosseguem”, tendo contado hoje com “a participação de cerca de 320 inspetores e peritos”.

A ação das autoridades desenvolveu-se nas regiões de Lisboa, Funchal, Bragança, Porto de Mós, Entroncamento, Setúbal, Beja e Faro.

Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”, com vista ao branqueamento de capitais.

Sob a coordenação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, a operação teve ainda o apoio de diversas unidades da PJ e da Autoridade Tributária, juntamente com o juiz de Instrução Criminal e magistrados do Ministério Público (MP).

Entre as 100 buscas, 95 foram domiciliárias e cinco foram não domiciliárias.

Investigações são muito importantes para credibilidade das instituições militares - Governo

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje que a imagem de Portugal não sai afetada por causa de buscas ao Regimento de Comandos por suspeitas de tráfico de diamantes em missões militares noutros países.

“Não afeta a nossa imagem internacional. Se as autoridades judiciais entendem que há indícios que exigem investigações, essas investigações devem ser feitas. Vigora o princípio da separação dos poderes. não tenho nada a dizer sobre investigações em curso", disse Augusto Santos Silva.

Fonte ligada ao processo confirmou à Lusa que a operação está a decorrer em vários locais do país, entre os quais o regimento dos Comandos na Carregueira, Sintra, e que conta com cerca de 100 mandados de busca e detenção. Em causa estão suspeitas de tráfico de droga, ouro, diamantes e branqueamento de capitais.

Segundo a TVI, que avançou com a notícia da operação, os visados são militares, comandos e ex-comandos, militares da GNR e agentes da PSP que terão usado missões portuguesas da ONU, nomeadamente na República Centro Africana (RDA) para cometerem os crimes.

O secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional afirmou hoje que “as investigações são muito importantes” para a credibilidade das instituições militares, ao comentar a operação que visa militares por alegado envolvimento em tráfico de diamantes e ouro.

“Como é evidente, vivendo nós num Estado de direito e existindo separação de poderes, estas questões devem ser investigadas de uma forma absolutamente clara, para defender o interesse público, e, portanto, desse ponto de vista, nós observamos com toda a atenção no Governo como é que estas investigações estão a ser feitas, porque elas são muito importantes, nomeadamente para mantermos com toda a credibilidade e com todo o bom-nome todas as instituições militares”, disse aos jornalistas Jorge Seguro Sanches, na Marinha Grande, distrito de Leiria.

De acordo com vários órgãos de comunicação social, estão a ser cumpridos, pelo menos, 10 mandados de detenção em Lisboa, Porto, Bragança e Vila Real. A investigação foi aberta há mais de um ano no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

Augusto Santos Silva disse aos jornalistas, à margem de uma conferência do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), em Coimbra, que “não trata indícios como se fossem factos apurados".

“O que digo é que a imagem internacional de Portugal muito beneficia do facto de, como gostamos de dizer, sermos um contribuinte líquido para a segurança internacional e o facto de em particular nas missões da paz das Nações Unidas ou da NATO ou das missões da União Europeia o papel desempenhado pelos militares portugueses ser unanimemente reconhecido”, sublinhou.

Augusto Santos Silva destacou a sua experiência enquanto ministro da Defesa e agora como ministro dos Negócios Estrangeiros, sublinhando que não ouviu de nenhum interlocutor internacional que fale sobre as missões de Portugal que não fosse um “pedido para que continuemos a reforçar a nossa presença”.



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