A tradicional actividade pastoril vai sofrer um grande incremento tecnológico através do projecto de «pastoreio virtual», que vai permitir a monitorização automática, através de redes de sensores sem fios, da área de pasto e do rebanho.

A pedido da Câmara de Sabrosa, uma equipa de seis investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), dos departamentos de Zootecnia e Engenharias, está a desenvolver o projecto \"pioneiro\" de \"Pastoreio Virtual\".

O objectivo é \"aplicar as novas tecnologias a uma actividade tipicamente tradicional\", disse à Agência Lusa o chefe do projecto, Jorge Azevedo, professor do departamento de Zootecnia, que há mais de 20 anos se dedica à investigação dos pequenos ruminantes.

Para além da modernização da actividade pastoril, o projecto vai desempenhar ainda um \"importante papel\" na prevenção dos fogos florestais.

\"Hoje já não se coaduna que os pastores tenham que andar diariamente vários quilómetros em busca de pastos, quer faça sol, vento, quer chova ou neve\", afirmou o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques.

O autarca diz que, à semelhança do que no aconteceu um pouco por toda a região transmontano, no seu concelho registou-se uma grande diminuição do número de pastores, que estão também cada vez mais envelhecidos.

Segundo referiu, na década de 80 havia \"imensos\" rebanhos com mais de 200 cabeças de gado na zona Norte do concelho.

Actualmente existem apenas cerca de 20 pastores ou produtores no concelho e não há nenhum rebanho com mais de 200 animais.

Por isso mesmo, a UTAD está a desenvolver um sistema que, de modo automático, vai permitir a gestão do pastoreio recorrendo à utilização de redes de sensores sem fios. Ou seja, a área piloto escolhida na freguesia de Paços, Sabrosa, vai ser delimitada em \"três ou quatro\" zonas de pastoreio e, em cada uma delas, vai ser implementado um sistema que vai permitir observar em \"tempo real\" todo o processo.

José Marques explicou que se trata de um \"projecto de gestão integrada desde o pasto, crescimento vegetal, até ao desenvolvimento animal\", que será \"monitorizado recorrendo a um suporte tecnológico\".

\"Vamos aplicar modelos de propagação que permitem, numa primeira fase, a detecção de vegetação e material combustível existente nessa área. Numa segunda fase, poder-se-á acompanhar o comportamento do rebanho, determinando a altura ideal para abate, para aproveitamento de leite ou de lã\", explicou o investigador Carlos SerÎdio.

O projecto de pastoreio virtual vai ser objecto de uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Dependendo dos resultados da fase piloto, o projecto poderá ser estendido aos concelhos limítrofes de Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Alijó ou Murça.



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