O Movimento Não às Minas – Montalegre pediu hoje a todos os partidos concorrentes às eleições legislativas uma tomada de posição “clara e inequívoca” sobre a exploração mineira promovida pelo Governo no país e, em particular, no Barroso.

“Importa saber se são a favor ou se são contra o plano de fomento mineiro em curso e, sendo contra, que iniciativas tomarão para o travar, pois trata-se de uma questão de grande relevância não só para o futuro do país, mas também para o futuro das populações e das respetivas regiões impactadas”, afirmou o movimento, num comunicado enviado à agência Lusa.

A organização disse que esta é “uma questão incómoda” e daí, conclui, a “sua ausência nos debates televisivos intrapartidários”, no entanto, insiste na “necessidade de todos os partidos que se apresentam a sufrágio tornem públicas as suas posições relativamente à exploração mineira de lítio, volfrâmio e outros minerais”.

“Para que os eleitores e, em particular, as populações diretamente afetadas pelas consequências dessas mesmas explorações, possam votar de uma forma esclarecida e em conformidade com os princípios que defendem”, reforçou.

As eleições legislativas antecipadas decorrem a 30 de janeiro.

O Movimento Não às Minas – Montalegre considerou que a “exploração mineira, sobretudo a céu aberto, acarretará prejuízos, incomensuravelmente, superiores aos benefícios e é um modelo de desenvolvimento desadequado para regiões classificadas e áreas protegidas sensíveis”.

E questiona “se fará algum sentido permitir a abertura de grandes crateras a céu aberto em regiões classificadas como Património Agrícola Mundial (FAO)”, como o Barroso, que abrange os concelhos de Boticas e Montalegre.

Defendeu, por isso, “modelos de desenvolvimento assentes no turismo, nas atividades de natureza e na diversificação e transformação dos produtos locais de elevada qualidade”.

“A imposição da exploração mineira contra a vontade das populações locais não é uma atitude digna de um país pertencente à União Europeia e nunca será aceite pelas pessoas. É uma prática condenável a vários níveis, antidemocrática e própria de outras latitudes”, referiu ainda.

O movimento apontou que, para a região do Barroso, estão previstos “22 projetos, num território de apenas 1.128 quilómetros quadrados de área, repartidos por sete concessões de exploração, um contrato de prospeção e pesquisa, três pedidos de prospeção e pesquisa, quatro pedidos de concessão de exploração e sete pedidos de prospeção e pesquisa que estão em suspenso”.

A consulta pública do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio (PPP Lítio) em oito potenciais áreas para lançamento de procedimento concursal decorreu entre setembro e dezembro.

No relatório de avaliação ambiental preliminar foram analisadas oito áreas do Norte e Centro do país: Arga (Viana do Castelo), Seixoso-Vieiros (Braga, Porto e Vila Real), Massueime (Guarda), Guarda – Mangualde (quatro zonas espalhadas por Guarda, Viseu, Castelo Branco e Coimbra) e Segura (Castelo Branco).

Seis associações e movimentos opositores às minas promoveram uma petição, apoiada por 3.000 signatários que pedem a “demissão imediata” do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, assim como do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba.

No abaixo-assinado, remetido ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, alegam a “má gestão e a falha na defesa do ambiente e da natureza, a falta de respeito e o desdém para com as populações afetadas” pela “imposição de uma enorme quantidade de projetos mineiros”.

A petição foi promovida pela Associação Montalegre Com Vida, Associação Povo e Natureza do Barroso, Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, Associação Unidos em Defesa da Natureza, Movimento Não às Minas – Montalegre e Movimento SOS - Serra da Cabreira – Bastões ao Alto.



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