“Que morra toda a gente”: Escutas revelam conversas entre técnicos para ocultar bactérias perigosas na água

As escutas da Operação Gota d’Água No âmbito da Operação Gota D’Água, em que a Polícia Judiciária (PJ) investiga alegadas fraudes na análise de águas para consumo humano e águas residuais no Laboratório Regional de Trás-os-Montes (LRTM), em Mirandela, deixam a descoberto o esquema de falsificação de análises, adulteração de amostras e resultados, em conversas entre os vários arguidos, principalmente funcionários da instituição.

As escutas à principal arguida, Toniette da Cruz, diretora técnica do laboratório, reveladas pelo Correio da Manhã, mostram a responsável a ignorar pseudomonas, um tipo de bactérias perigosas que podem provocar infeções e desencadear distúrbios, com risco de morte, em piscinas públicas.

“Ó pá, que morra toda a gente”, ironiza numa conversa. “Ó pá, mas alguém morreu? Ninguém morre”, continua a diretora técnica na conversa, relativa ao facto de as piscinas terem contaminação da referida bactéria.

“Só as piscinas de Vila Nova de Foz Coa ficaram com pseudomonas. O resto está tudo a zero, incluindo as de Famalicão”, indicava a funcionária, perante a pressão de Toniette de Cruz, que insistia na resolução dos problemas de forma burocrática.

Os próprios funcionários usavam o termo “marteladas” para descrever as análises que efetuavam. Há casos registados de piscinas do Mogadouro e do Cardal com altos níveis de coliformes, que deviam ter sido interditas, e o funcionário queixava-se, numa chamada que até tinha retirado as amostras da torneira.

As amostras que eram pedidas pelas Águas de Lisboa e Vale do Tejo também seriam sempre falsificadas, já que os registos revelam que um funcionário fazia vários quilómetros entre um ponto e outro de recolha, em apenas 5 minutos de intervalo.

Os intervenientes faziam piadas nas conversas telefónicas sobre serem apanhados e eventualmente presos, e até admitiam muitas vezes retirar água da torneira, colocar lixívia, cloro ou ferver água para resolver os problemas da forma que a diretora clínica pedia.

Toniette da Cruz, segundo revelou a investigação, daria as ordens e é suspeita de falsificar quase 400 análises de água.

Por Executive Digest. Revista de Imprensa 



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