Tudo parecia conspirar a favor da operação montada ontem em Mirandela, a derradeira tentativa para encontrar o corpo de Leandro, o menino de 12 anos desaparecido no rio Tua há 12 dias.

Tempo seco e sol de Verão possibilitaram fechar as comportas durante duas horas e 10 minutos - um recorde; o máximo conseguido até agora havia sido 50 minutos - e baixar o leito do rio até ser possível atravessá-lo a pé.

\"Essa foi a nossa maior vantagem, tivemos mais tempo para proceder a buscas mais minuciosas\", explicou o coronel Melo Gomes, ao meio-dia, sem esconder a frustração de não ter nada para apresentar. \"Contas realizadas de acordo com a corrente registada naquele dia dizem-nos que o corpo deverá estar a menos de dois quilómetros daqui. Mas como o rio é muito sinuoso e está cheio de detritos, pode estar submerso, escondido em qualquer raiz\".

O entusiasmo da equipa que começara a organizar-se no local ainda antes das nove horas - polícia, bombeiros, mergulhadores, cães, barcos, helicóptero - contrastavam com a decepção, volvidas pouco mais de duas horas. \"Esperávamos que o corpo aparecesse hoje; não apareceu\", lamentou o coronel. \"Ao fim de 12 dias de buscas intensivas, de empenhamento, de mobilização de elevado número de meios humanos e materiais, não encontrar o corpo é muito frustrante\", reconhecia o chefe das operações, recusando, ainda assim, que o corpo possa estar no Douro. \"Com o número de redes que lá existe, se lá estivesse, já teria aparecido.\"

A família de Leandro, também presente no terreno, partilhou o desgosto. \"Gostava de fazer um funeral digno ao meu filho\", confessou Amália, a mãe. \"Se não apareceu hoje, talvez nunca mais apareça, já não tenho esperança\". Apesar disso, reconhece o esforço realizado pelas equipas. \"Estão a fazer tudo por tudo, mas eles também não podem ir buscá-lo onde não o vêem. Fizeram os possíveis e os impossíveis, sempre o fizeram desde a hora em que ele desapareceu\", admitiu.

A mãe, que será ouvida sexta-feira, às 14.30 horas, no âmbito do inquérito aberto para apurar as causas do sucedido, diz estar agora concentrada em descobrir os responsáveis pela morte do filho. \"Queremos que alguém seja responsabilizado. Disso não vamos desistir\".



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Pica Tumilho

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