O presidente da Cooperativa Árvore afirmou hoje que foi “destruído sem consentimento” o monumento alusivo à castanha, situado na rotunda de Carrazedo de Montenegro, em Valpaços, construído há cerca de 21 anos e do qual é coautor. 

Em declarações à agência Lusa, José Emídio, presidente da Cooperativa Árvore e um dos autores do monumento, afirmou ter tido conhecimento na passada sexta-feira de que “tinham destruído o monumento”.

“Há uma decisão de destruir sem qualquer comunicação ou consulta dos autores”, afirmou José Emídio.

O monumento, situado na rotunda de Carrazedo de Montenegro, em Valpaços (distrito de Vila Real), foi construído há cerca de 21 anos por José Emídio e pelo escultor Manuel Sousa Pereira, que morreu em fevereiro. 

O conjunto é composto por dois elementos, um obelisco quadrangular com cerca de quatro metros de altura e com as quatro faces forradas a tijoleira pintada com dois pequenos galhos em bronze, e uma escultura em bronze de uma criança com um cesto de castanhas no chão, a seu lado.

“Há cerca de 21 anos, a Cooperativa Árvore propôs executar um monumento de evocação à castanha. O monumento foi inaugurado e na altura teve um custo de cinco mil contos, o equivalente a 25 mil euros”, referiu.

Perante a destruição da obra, a Cooperativa Árvore pretende “reparar a dignidade e integridade dos artistas, mas também da instituição”.

“Queremos também salvaguardar que este tipo de situações não se repete”, defendeu José Emídio, que já comunicou à autarquia a sua indignação e com a qual tem agendada uma reunião.

“Ontem [quarta-feira] enviamos uma carta à câmara e obtivemos logo resposta do senhor presidente que falou com o advogado e reconheceu que há equívocos. Foi marcada uma reunião com o advogado, o senhor presidente e comigo em representação da Cooperativa Árvore e dos autores”, afirmou o responsável, acrescentando que a autarquia suspendeu as obras no local.

Segundo José Emídio, foi ainda comunicado pela autarquia de que a escultura do menino “está salvaguardada”, mas que o restante do monumento foi “destruído dia 09 de julho, pelas 15:00 horas”.

Em resposta à agência Lusa, o presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Castro Almeida, afirmou hoje que o município “não é responsável pelos atos que foram praticados”.

“Ainda assim, está a desencadear mecanismos para, conjuntamente com a Cooperativa Árvore e a entidade responsável, procurar a melhor solução, estando já agendada uma reunião”, referiu.

Na carta enviada à autarquia, a que a Lusa teve hoje acesso, o advogado da Cooperativa Árvore afirma que “não são admitidas modificações da obra sem o consentimento do autor” e exige o apuramento de responsabilidades, bem como a “imediata reposição da legalidade”.

Atualização: 15/07/2021 - 22:49h

Contactado pelo DTM, o Presidente da Junta de Freguesia de Carrazedo de Montenegro, António Jesus da Costa, alegou desconhecer qualquer destruição do referido monumento. 

Fotografia: António Luís Alves

 

Rotunda original



PARTILHAR:

Cultura do Norte apresenta obra sobre pintura mural do século XVI no Nordeste Transmontano

Trilho do Corgo em Faiões - Chaves apresentado no Centro de Estudos Ibéricos