Políticos, empresários e universitários transmontanos reclamam maior autonomia regional para decidir e levar a cabo políticas de desenvolvimento. Mas reconhecem ser precisa uma maior cooperação.

O mote foi dado por Cristina Azevedo: Trás-os-Montes deve reclamar maior autonomia do poder central, melhor distribuição de custos e receitas e, depois, definir em conjunto um caminho para a região. Só assim será possível puxá-la da pobreza e desertificação que a vão dominando, tendo por base uma consciência regional que não se deve perder, concordam os autarcas, empresários e universitários presentes na Conferência promovida pelo JN em comemoração do 125.o aniversário, ontem, em Bragança.

Com um poder de compra muito abaixo da média nacional, cidades e vilas com menos gente e mais velha e poucas empresas exportadoras e criadoras de emprego, Trás-os-Montes sofre de uma dupla assimetria: a que beneficia Lisboa em detrimento do resto do país; e a que leva para o litoral os recursos do interior, disse Artur Cascarejo, autarca de Alijó e presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, reclamando a regionalização.

Daí, salientou Cristina Azevedo, especialista em desenvolvimento regional, a importância de a região reclamar do resto do país uma distribuição \"mais justa\", quer dos custos da interioridade quer das riquezas naturais. Mas também, conclui-se do debate, importa definir uma estratégia comum e partilhar recursos, numa região cada vez mais fragmentada do ponto de vista administrativo, com a criação da CIM do Alto Tâmega. Já não basta ter uma \"postura Calimero\" junto do Governo central, necessária até agora para reclamar de Lisboa o financiamento que revolucionou as infraestruturas da região nas duas últimas décadas, justificou o professor universitário Fernando Peixinho.

Importa agora trabalhar em rede, ter um objetivo mobilizador de toda a região, adiantou Orlando Rodrigues, vice--presidente do Instituto Politécnico de Bragança, que acolheu a conferência. E que chame investimento ou crie as condições para que os jovens licenciados se fixem na região.

Túnel é \"BPN de betão\"

Mas ainda muito há a reclamar de Lisboa, dizem: que ouça as regiões quando define políticas de desenvolvimento, por exemplo, que permita que os próximos fundos europeus contribuam para inverter o despovoamento e que complete as acessibilidades, terminando as obras da A4 e rasgando luz no túnel do Marão, que se pode tornar num \"BPN de betão graças à incompetência e desleixo\" do Governo, disse Cascarejo.

O debate contou ainda com a participação de Luís Afonso, proprietário da Novavet e de Eduardo Malhão, presidente do NERBA.

JN quer retomar as origens

O diretor do \"Jornal de Notícias\", Manuel Tavares, salientou, ontem, na conferência JN 125 anos, no distrito de Bragança, que a presença no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, e o reforço de noticiário da região durante este mês de abril, pretendem \"relançar relações com os brigantinos, em especial com os jovens e a comunidade científica\".

\"Não viemos de visita, viemos para ficar\", enfatizou ainda o diretor, recordando que o JN já teve grande importância no Interior, que foi perdendo nos últimos anos devido ao facto de ter seguido uma tendência de abrangência nacional que se gerou com o aparecimento de outros órgãos de comunicação social de referência. \"Agora estamos a tentar retomar as origens\", realçou Manuel Tavares.



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