Henrique Rodrigues, Cavalheiro e concerto-surpresa marcaram o oitavo aniversário da promotora Dedos Biónicos

 

Parabéns à única promotora de música alternativa brigantina. A Dedos Biónicos celebrou este sábado à noite o seu oitavo aniversário perante 50 pessoas no Museu do Abade de Baçal. O concerto contou, na primeira parte, com a atuação do jovem talento de Bragança, Henrique Rodrigues, que apresentou uma mão cheia de temas da sua autoria. Feita a abertura, seguiu-se o artista principal. Oriundo de Braga, Cavalheiro, nome artístico de Tiago Ferreira, veio à capital nordestina apresentar o seu quinto e último trabalho discográfico, o álbum “Mar Morto”. Pela quarta vez no Museu do Abade de Baçal, sendo que sempre que veio a Bragança foi para apresentar o seu mais recente disco, Cavalheiro é um poeta, um contador de histórias. A sonoridade nada submissa deste artista bracarense é marcada por uma musicalidade amargurada, que rasga a alma, desequilibrada por um rock de tom clássico. O melodrama toma conta das notas e uma bateria compassada é ritmada pelos acordes graves da guitarra que vingam num cenário pós-apocalíptico e que nos fazem viajar. Cavalheiro, um autoproclamado consumidor de ácidos, que pela sua sinceridade fazia de grosso modo a plateia sorrir. Um dos temas interpretados por Tiago Ferreira, já na reta final, de nome “Armadilha”, representa bem a antítese daquilo que acontece quando o público ouve os seus temas. Isto é, fica desarmado, ou desarmadilhado perante quatro músicos que primam pela excelência da decadência, no bom sentido artístico, bem como pela toma de caminhos alternativos, tendo sido eles, em Bragança, sempre bem-sucedidos. Um som, por vezes, supérfluo, mas despojado e despido de projeções. Um artista a acompanhar, definitivamente. Um concerto de qualidade inegável, mas só mais um na longa lista de concertos, mais de 300, da promotora Dedos Biónicos, divididos entre Bragança e Vila Real.

Nuno Fernandes, o homem forte por detrás da mesa de som, o mentor deste projeto e o principal impulsionador do cenário alternativo brigantino partilhou com o Diário de Trás-os-Montes um pouco da sua história, dos seus sonhos e aspirações. “Quero continuar a trazer artistas a Bragança que de outra forma não viriam e tentar com que as pessoas daqui tenham uma alternativa ao mainstream e que possam ir de encontro a outras perspetivas musicais e culturais. Agora, o futuro será sempre uma incógnita”, revela um dos principais impulsionadores da cultura alternativa na região, confessando que gostaria de ter feito uma festa “um pouco maior, mas que a falta de espaços disponíveis na cidade” também não o permitiu. Sem nunca desmotivar, Nuno garante: “vamos continuar sempre que haja público, nem que sejam duas pessoas”.

Depois do Museu, a festa seguiu-se num bar da cidade, pequeno, mas acolhedor, onde Nuno Fernandes preparou um concerto-surpresa de Worldmusic com o duo Toti de São Paulo, Brasil, para todos aqueles que o acompanham neste caminho, nem sempre fácil, mas que tem vindo a trilhar com coragem e perseverança ao longo dos últimos oito anos.

 

Agenda

4 de dezembro,22h – Castello Branco (Rio de Janeiro, Brasil), no Museu do Abade de Baçal. Uma das grandes promessas da música brasileira, havendo já quem o compare ao Caetano Veloso.

17 de dezembro, 22h – Benjamin, no Museu do Abade de Baçal, cujo disco “Auto Rádio” está a ser catalogado como o melhor do ano em Portugal.

 



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