Decorreu no último fim-de-semana e trouxe ao castelo e vila amuralhada de Carrazeda de Ansiães oito equipas, portuguesas e espanholas, para lutas reais com “zero encenação” .

Em simultâneo, na vila, decorreu o Mercado Medieval.

Foi o segundo ano que o município de Carrazeda de Ansiães, com a colaboração a equipa desportiva Portvcalle Combate Medieval, organizou o torneio ibérico que, este ano, teve oito equipas, portuguesas e espanholas, em competição, envolvendo os lutadores em diferentes modalidades, nomeadamente, Pro Fight, Arma de Haste, Espada Longa, Espada e Escudo, Espada e Broquel e 5x5 e também combate a cavalo.

“É tudo real, zero encenação”, clarifica Carlos Ferreira, um dos lutadores da Portvcalle. Esta modalidade desportiva existe em Portugal há pouco mais de uma década e conta apenas com cerca de 25 lutadores praticantes e que participam nos torneios. É um desporto que “apaixona”, sobretudo porque envolve a “competição, à história e à cultura”, explica Rubén Cabello, um elemento da equipa espanhola Ursus Custodes.

O lutador, que se define como amador, mas que caminha para a profissionalização, é educar de infância e concilia a atividade profissional e familiar com as lutas medievais, treinando “seis dias por semana, cerca de três horas”, acrescenta, referindo entre risos que é “um vício muito duro”. Tal como o colega português, entusiasmou-se por esta modalidade no seguimento da sua participação em recriações históricas, mas insiste que nestes combates em momento nenhum se trata de recriação, a “luta é bem real”.

Os lutadores envergam armaduras que podem pesar cerca de 40 quilos, por baixo das armaduras usam roupa que minimize o impacto das pancadas que recebem.

As armas, que podem ser espadas, lanças ou até machados, cumprem regras muito rigorosas, não possuem lâminas cortantes nem pontas, e obedecem a um peso especifico: “o impacto da pancada que recebemos, por exemplo com uma espada, pode corresponder a 20 quilos”, diz. Rubén Cabello garante que não há “misericórdia” em campo, apesar da amizade que une as diferentes equipas, em competição usam da força a “120%, golpeando os adversários com toda a alma”.

Lutam, essencialmente, pelo prestigio, bravura e pelo convívio, os prémios monetários que ronda os 100 €, atribuídos ao lutador vencedor, são apenas um apoio para custear as despesas de deslocação.

Em Espanha a modalidade já arrasta muita gente para ver, em Portugal ainda menos, por essa razão o município de Carrazeda de Ansiães apostou também na organização de oficinas e aulas de esgrima e tiro ao arco, permitindo a miúdos e graúdos ter um primeiro contacto com as lutas medievais e até experimentar as armaduras.

Porque ainda são as recriações que mais publico atraem, o município entregou ao Grupo de Teatro Filandorra essa componente, acrescentando ao Torneio Medieval programação teatral, usada para transmitir conhecimento e ensinar a história que envolve o castelo e a vila amuralhada de Carrazeda.

Mercado Medieval

O mercado medieval, um ano mais, realizou-se na vila, reunindo cerca de 30 expositores, trajados a rigor, que vendiam artesanato e diversos produtos da terra, participando, por exemplo, os produtores de vinho locais, uma vez que o evento foi integrado na iniciativa “Cidade Europeia do Vinho”. As tasquinhas com comes e bebes e as atuações musicais contribuíram para criar um ambiente festivo, recriando um contexto medieval, que envolveu toda a comunidade. Alias, esta iniciativa da autarquia começa sempre com um cortejo que percorre as principais ruas da vila e que chama a comunidade para se juntar à festa e, durante um fim-de-semana, recuar na história e partilhar vivências diferentes.

A Câmara Municipal promove esta atividade, como forma de valorização da história e do património e como motivo de atração turística, acreditando que é com iniciativas diferenciadoras que se trabalha a promoção do território. 


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