As grandes opções do plano de Carrazeda de Ansiães para 2023 assentam “em três projetos marcantes” para este concelho do distrito de Bragança, com um orçamento de 15 milhões de euros, divulgou hoje a autarquia.

O valor orçamentado é igual ao de 2022 e, entre os três principais projetos elencados à Lusa pela presidente da Câmara, João Gonçalves, volta a constar a ambicionada barragem do Lugar da Veiga, a ampliação do parque empresarial e a estratégia local de habitação.

João Gonçalves espera começar a executar este ano o investimento de nove milhões de euros com o qual o município transmontano dar habitação “digna” a 134 famílias, que representam 331 pessoas.

Também para este ano está prevista a conclusão da ampliação do parque empresarial em mais 40 lotes, resultado de um investimento superior a dois milhões de euros.

O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães espera ainda terminar “os últimos projetos” para a construção da barragem no Lugar da Veiga, junto à vila sede de concelho, destinada a regadio, mas também com a possibilidade de abastecimento à população em anos de crise como o de 2022.

O município já tem assegurado um financiamento de 9,5 milhões de euros, no âmbito da candidatura feita em 2019, mas vai precisar de mais dinheiro para a última estimativa de custo que ascende a 12 milhões.

“O custo das matérias-primas vai-se alterando e tem que se ir ajustando. É bem natural que ainda aumente”, afirmou o autarca, realçando que o desafio vai ser “sensibilizar para as questões de financiamento” a Administração Central.

Carrazeda de Ansiães foi o concelho do distrito de Bragança com a situação mais crítica no último verão devido à seca, tendo recorrido ao transporte de água do rio Tua para a Estação de Tratamento para garantir o abastecimento à população.

A única barragem de abastecimento público do concelho, a de Fontelonga, atingiu níveis mínimos e ainda não recuperou o armazenamento, apesar de “o fim de 2022 e início de 2023 darem mais esperança”, segundo o autarca.

Entre os investimentos previstos para o novo ano estão a renovação de infraestruturas, nomeadamente a substituição de algumas condutas, para minimizar as perdas de água.

A beneficiação de estradas municipais, assim como a construção do balneário termal das Caldas de São Lourenço constam também dos investimentos para 2023 citados pelo autarca.

Carrazeda de Ansiães devolve aos contribuintes do concelho a totalidade dos cinco por cento a que tem direito no Imposto sobre Rendimentos Singulares (IRS) e cobra a taxa mínima de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), 0,3%.

As grandes opções do plano e orçamentos foram aprovados pela maioria social-democrata em reunião de câmara e Assembleia Municipal e com os votos contra da oposição constituída pelo movimento Unidos por Carrazeda de Ansiães.

Os eleitos da oposição valorizam alguns dos investimentos previstos, como a barragem ou balneário termal, mas consideram que as apostas da maioria social-democrata apresentam-se com “uma diminuta visão estratégica a longo prazo para as questões essenciais”.

“A dissolução da Ensinansiães é um dos exemplos do fracasso e desistência na formação, especificamente na área agrícola, na qual temos tanta necessidade de mão-de-obra e onde, por exemplo, se poderia aproveitar o excesso de migrantes, que infelizmente se veem obrigados a deixar os seus países, a formarem-se e fixarem-se no nosso concelho”, sustentam.

Para a oposição é “praticamente irrelevante analisar nesta fase e sobretudo credibilizar” as atividades e investimentos previstos, tendo em conta “as constantes e recorrentes alterações” aos planos e orçamentos anteriores, tornando-os “num mero panfleto eleitoralista no qual nem o próprio executivo crê, ano após ano, década após década”.

Fotografia: Diário de Trás-os-Montes



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