\"Esta decisão do Governo «vai acabar com o que resta do caminho-de-ferro no Nordeste Transmontano». Esta foi a convicção transmitida pelo presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, ontem, num debate de análise às consequências da construção da barragem Foz-Tua na manutenção da linha ferroviária do Tua, numa organização da Autarquia e do Movimento Cívico da Linha do Tua.

José Silvano considera \"incompreensível\" que a decisão surja no momento em que uma empresa do Estado, a REFER, está a investir milhares de euros para reparar o troço acidentado da linha, em 12 de Fevereiro, em que morreram três pessoas.

O edil considera que o Nordeste Transmontano ficará sem aquela que, no futuro, \"poderia ser a única ligação estratégica ferroviária ao litoral, além do potencial turístico da linha\". Referiu, ainda, que Mirandela não beneficiará com a a barragem, nem mesmo do espelho de água, que termina no limite do concelho.

Para Daniel Conde, do MCLT, a construção da barragem ditará o desaparecimento de \"um percurso turístico de sonho\", que leva cerca de 20 mil pessoas a percorrerem os carris entre o Tua e Mirandela, ano após ano, apreciando a paisagem no troço que sobreviveu ao encerramento da década de 90\".Na sua óptica, essa decisão agravará a desertificação da região, pois acarreta a redução na mobilidade das populações locais, carga e turistas. \"Representa, também, a perda de património público, com a destruição de estações, degradação das obras de arte ou a sua venda a particulares\", sublinha.

Manuela Cunha, de \"Os Verdes\" relembrou que o seu partido enviou um dossiê ao Comité do Património Mundial da Unesco denunciando a intenção do Governo de construir a barragem numa zona classificada.\"



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