Organizações de agricultores no Nordeste Transmontano reclamam utilização da água da albufeira da barragem do Baixo Sabor para ajudar a mitigar os efeitos da seca e das alterações climáticas em culturas como o olival, vinha e amendoal.

Em declarações prestadas hoje à agência Lusa, João Barros, que integra duas organizações de agricultores do território do Baixo Sabor, defendeu que a barragem "não pode produzir apenas eletricidade" e que "seria importante que fornecesse água para regadio devido ao seu elevado caudal que abrange".

"Esta barragem abrange quatro concelhos nordestinos [Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros], todos eles com uma importante componente agrícola e pecuária”, vincou o dirigente associativo.

Desde de 2018 que a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Moncorvo (CAOM), a Cooperativa Agrícola de Produtores de Amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, entre outras entidades como a Associação de Municípios do Baixo Sabor, encaram esta solução como a mais importante para os mais de 20.000 agricultores dos quatro concelhos abrangidos pela albufeira, porque é tida como uma fonte importante para o regadio das culturas.

“A possibilidade de utilização da água da albufeira do Baixo Sabor é um bom fundo de maneio para se produzir riqueza no Nordeste Transmontano, dado o potencial de regadio para várias culturas em tempo de seca e quando se vivem alterações climáticas sem precedentes”, refere João Barros

De acordo com o também agricultor, esta proposta já foi apresentada à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, em agosto de 2022, através de um estudo que foi elaborado por várias entidades, e o pedido foi reforçado em julho passado, num encontro que decorreu em Mirandela, mas ainda se resposta.

João Barros aponta para uma melhoria na colheita da azeitona face a 2022, contudo ainda se verifica stress hídrico e os próximos tempos poderão ser determinantes para a produção de azeitona.

“As oliveiras, apesar das chuvas de maio, ainda não conseguiram recuperar dos efeitos da seca, que se fez e faz sentir e há quebra de produção. São dois anos consecutivos de falta de água e a floração não vingou. Estamos apreensivos em relação à colheita de 2023 e 2024 e, se não houver água, a rega assume um papel ainda mais importante ”,indicou.

Em 2022, a produção de azeitona na CAOM foi de 600.000 quilos, para este ano aponta-se para uma quebra de 30% devido à seca.

A albufeira do Baixo Sabor tem cerca de 70 quilómetros de extensão, distribuídos por uma área de 2.300 hectares que abrange quatro concelhos, mais concretamente, Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança.

A página oficial da Movhera (a atual proprietária do empreendimento hidroelétrico), dá conta que a albufeira tem capacidade para armazenar um total de 1.095 milhões de metros cúbicos de água, o que faz da albufeira do Baixo Sabor o terceiro maior reservatório de água de Portugal.

A barragem do Baixo Sabor é um dos seis empreendimentos hidroelétricos que saltou para a agenda mediática na sequência da venda pela EDP de seis barragens em Trás-os-Montes, por 2,2 mil milhões de euros, a um consórcio liderado pela francesa Engie.

Foto: Antonio Pereira



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