Miranda guarda Aqueduto do Vilarinho

A cerca de um quilómetro de Miranda do Douro, a caminho duma quinta que, no século XVI, foi residência de Verão dos arcebispos, situa-se um monumento único em Trás-os-Montes: o Aqueduto do Vilarinho.

Este património, ainda que raro, é pouco conhecido por quem demanda o Nordeste Transmontano e, também, pela própria população da região.
Mas, o certo é que, no Norte do País, o Aqueduto do Vilarinho só tem paralelo em Vila do Conde, mas nem por isso integra os roteiros turísticos de Trás-os-Montes e, muito menos, de Portugal.
A sua importância reside no facto de ter sido uma infra-estrutura extremamente imprescindível para as gentes de Miranda e por se tratar de um imóvel tão raro.
De modo a divulgar este património, o Gabinete Técnico Local (GTL) de Miranda do Douro pretende avançar com um conjunto de iniciativas ao nível da promoção e sinalização. “Vamos colocar uma placa a sinalizá-lo e integrá-lo num roteiro turístico da cidade, de modo a valorizá-lo”, avançou Ernesto Vaz, arqueólogo do GTL.
Dada a sua localização, apenas a um quilómetro de Miranda do Douro, as pessoas não têm conhecimento da existência de um monumento tão rico e raro. Daí que o GTL esteja disposto a rentabilizar o aqueduto sob o ponto de vista do turismo.

Água potável indispensável

Os tempos áureos do Aqueduto do Vilarinho remontam ao século XVI. A partir de Após 1545, Miranda do Douro vê a população a aumentar de um modo galopante. Comerciantes, diversas entidades religiosas e militares, assim como um vasto conjunto de personalidades intelectuais instalam-se na recentemente elevada a cidade, o que faz aumentar as suas necessidades. “Como noutros tempos remotos, o abastecimento de água era inadiável e imprescindível”, avançou António Mourinho, director do Museu da Terra de Miranda. Até então, a água era colhida em poços, processo pouco adequado à situação geográfica da cidade, uma vez que “Miranda do Douro estava permanentemente em perigo de ser atacada pelos exércitos castelhanos e, por isso, a população dentro das muralhas necessitava de água potável em tempo de guerra”, recorda o responsável.
Parte da população, a mais abastada da região, possuía poços de corda e roldana junto das suas habitações ou, até mesmo, dentro das casas. Contudo, os habitantes mais pobres não tinham condições de possuir ou construir as cisternas.

População exige aqueduto

É com base nestas circunstâncias que os habitantes exigem a construção de um aqueduto, por volta dos anos 80 do século XVI, cujo contrato é celebrado em Fevereiro de 1587.
A captação, segundo Ernesto Vaz, “era feita em Vale de Mira e a ligação vai até ao rio Fresno, onde desagua”.
Erguido com pedras mirandesas, o monumento é formado por seis anéis, redondos, todos desiguais, num comprimento total que ascende aos 500 metros.
Com a construção do imóvel, resolveu-se o problema da carência de água e das doenças provenientes da falta de qualidade e salubridade do precioso líquido. “Apesar do aqueduto não ser uma estrutura muito grande, permitia um abastecimento elevado de água, que se manteve em actividade até finais do século XIX”, explicou o arqueólogo.



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