A secular feira que transforma o centro de Vila Pouca de Aguiar num mercado ao ar livre vai ter à venda 30 toneladas de cebola de 50 produtores entre 24 e 25 de setembro, foi hoje anunciado.

“Esta feira é uma mais-valia para nós todos. É raro o ano em que não é escoado todo o produto. Mais caro ou mais barato, tem-se vendido tudo”, afirmou à agência Lusa o produtor José Gonçalves, com 68 anos e natural de Valoura, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, e que há mais de 30 anos participa no tradicional certame.

O agricultor espera ter à venda “dois a três mil quilos de cebolas”, devidamente encabadas pela mulher, Fernanda Gonçalves. Esta técnica antiga consiste em entrelaçar a rama seca das cebolas formando uma trança.

“Eu não me ajeito a fazer isso, a minha mulher é que faz esse tipo de trabalho”, referiu.

De parte tem já alguns exemplares “de quilo”, com os quais espera participar no concurso de melhor cebola.

“Sou eu que faço a semente em casa e que depois semeio. Não compro em lado nenhum porque assim sei o produto que tenho”, sublinhou, referindo que o cultivo da “cebola da tradição” se faz em maio e que este ano agrícola obrigou a alguma atenção e a tratamentos na horta.

José Gonçalves disse que a feira é, para si, “uma festa” na qual faz questão de participar, salientado que ali fala “com gente que vem de todo o lado”.

“No ano passado vendi cebolas que foram para Famalicão, para Alverca do Ribatejo. Vai quase ao país inteiro”, apontou.

No mercado que ocupa o centro da vila vão espalhar-se cerca de 50 produtores que terão à venda 30 toneladas de cebolas, entre os dias 24 e 25 de setembro, e são esperadas “milhares de pessoas”.

O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, afirmou hoje, citado em comunicado, que a feira das cebolas “contribui para valorizar o Interior Norte de Portugal”.

A edição de 2023 fica marcada pela inauguração do novo mercado, num investimento de 450 mil euros, que vai receber o concurso pecuário de gado maronês.

De acordo com a autarquia, a verba inclui as novas instalações e a área envolvente, que é um novo parque de estacionamento no centro da vila.

Para além das cebolas, o certame é também “uma montra” para outros produtos da região e inclui ainda o concurso da maior cebola, refeições com caldo de cebola e outras iguarias gastronómicas em tasquinhas e restaurantes locais, chegas de bois e de carneiros, corridas de cavalos, concurso pecuário, animação musical e uma desfolhada à moda antiga.

A feira quis recuperar a tradição das populações do concelho que, semanalmente, se encontravam na vila para realizar negócios.

Segundo a autarquia, os primeiros registos do evento datam de há 700 anos, pelo que é considerada que esta feira tem “um historial inigualável na região”.

O certame é organizado pelo município de Vila Pouca de Aguiar e a Empreendimentos Hidroelétricos do Alto Tâmega e Barroso (EHATB), em colaboração com coletividades associadas ao mundo rural.



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