"Atente-se na quantidade recente de portugueses que emigrou. Foram 120 mil, só no último ano. Estão recenseados, mas não vêm cá para votar", diz o comentador da Renascença, especialista em sistemas eleitorais.

O comentador da Renascença Paulo Morais aponta a emigração dos últimos anos como o factor que mais contribuiu para a subida da abstenção nas eleições autárquicas deste domingo.

"Atente-se na quantidade recente de portugueses que emigrou. Foram 120 mil, só no último ano. Estão recenseados, mas não vêm cá para votar", argumenta o comentador e especialista em sistemas eleitorais.
Paulo Morais sublinha, ainda, que os portugueses interessados em recensear-se nos países de acolhimento sentem dificuldades em fazê-lo.
"No Luxemburgo, há mais de 100 mil portugueses. Só seis mil estão lá recenseados. Os outros ou não estão ou são abstencionistas nestas e noutras eleições", sublinha.
Paulo Morais considera que os cadernos eleitorais estão hoje muito mais bem organizados do que há uns anos e que "já não há tantos ''eleitores-fantasma''".

O especialista afasta as questões climáticas como factor potenciador da abstenção, mas aponta outras causas, além da crescente emigração: "Há um desinteresse generalizado pela política e um divórcio entre os cidadãos e a política, porque as pessoas não confiam na generealidade dos políticos".

Para Paulo Morais, a "compensação" que poderia ser originada pelo surgimento de mais candidaturas independentes não acontece, porque "muitos independentes são, na verdade, dissidentes de partidos". A isto acresce que "a comunicação social, principalmente as televisões, silenciam os independentes".

"Diz-se que não houve campanha nas televisões, mas isso foi só aparentemente, porque a verdade é que os líderes dos partidos com assento parlamentar estiveram lá sempre", remata Paulo Morais, um dos convidados para a análise dos resultados eleitorais, na emissão da Renascença.



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«Factor que mais contribuiu»

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