O projeto “Entre o passado e o futuro, a memória” aborda o despovoamento das comunidades e está a recolher as histórias de vida da população de Boticas para as transformar em música, disse hoje a promotora.

Música de formação, Beatriz Mendes, com 26 anos e natural do Porto, foi viver para Vila Grande, freguesia de Dornelas, concelho de Boticas, distrito de Vila Real, e deparou-se com a problemática do despovoamento que afeta estes territórios do Interior do país.

“O despovoamento traz muitos problemas, como o isolamento, a solidão, a falta de acesso, por exemplo, à cultura. Este projeto surgiu com o objetivo de tentar, através da música, minimizar estes problemas que o despovoamento provoca”, afirmou à agência Lusa.

Foi o mote para o projeto de arte comunitária "Entre o passado e o futuro, a memória” que se vai desenvolver até julho.

Neste momento está em curso a fase da “recolha de memórias, sentimentos e sonhos das pessoas nos últimos 60 anos, até ao presente”.

Estas histórias de vida vão ser gravadas e vão ser a base e a inspiração para a criação musical.

Nos anos 60 do século XX foi uma altura em que se verificou um elevado êxodo rural e em que muitos emigraram à procura de uma vida melhor.

Ainda hoje, segundo a responsável, estes territórios são afetados pela saída de pessoas.

Na segunda fase do projeto vão realizar-se sessões de grupo onde o despovoamento será o tema principal de conversa e, depois, na terceira fase será criada música.

“Tudo foi pensado para a época que vivemos e para não juntarmos muita gente. O resultado final será uma gravação com várias músicas”, salientou.

Beatriz Mendes referiu que o projeto pretende “acolher as pessoas, as suas histórias e os seus depoimentos, guardá-los e a partir deles criar música”.

A música será, reforçou, uma “coprodução”, será “composta com o contributo de todos os participantes”.

“O projeto é das pessoas, feita para elas e por elas. Eu, no fundo, estou aqui a só a orientar. O projeto é todo a falar desta região, das pessoas e como é a sua vida”, salientou Beatriz Mendes.

O desafio foi lançado a todas as pessoas, de todas as idades, e também se estende às associações do concelho.

A banda musical de Couto de Dornelas, bem como a sua escola de música, o grupo de cavaquinhos da Associação de Desenvolvimento de Dornelas e o grupo de cantares já se associaram.

O projeto foi selecionado pelo programa Terra a Terra da Orquestra Sem Fronteiras e conta com o mecenato da Fundação “la Caixa” e o apoio do Município de Boticas, no distrito de Vila Real.

O programa Terra a Terra tem o objetivo de “reforçar a visão de uma sociedade mais justa e coesa, identificar problemas e procurar soluções através da música”.



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