Produtores de cabrito de raças autóctones revelaram hoje, em Vila Pouca de Aguiar, boas expectativas nas vendas para esta Páscoa, quer de forma direta ou ‘online’.

António Manuel, criador de cabra bravia na aldeia de Cabanes, Vila Pouca de Aguiar, disse aos jornalistas que tem “já tudo vendido”. São cerca de 200 cabritos e cordeiros de raça bravia da sua exploração que já têm escoamento garantido para talhos.

No ano passado, com a pandemia de covid-19 ainda no início e o país confinado, foram sentidas, segundo frisou, mais dificuldades e “ficaram animais para trás”.

“Este ano acho que vai correr tudo bem. Não é igual, mas já tenho tudo vendido”, apontou.

Na sua exploração possui 350 cabras de raça bravia e 80 vacas maronesas.

Tiago Melim, produtor de cabra serrana em Carvas, Murça, e membro da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS), disse que se tem conseguido escoar os cabritos.

“No ano passado de uma forma um pouco caótica e com alguma dificuldade, mas este ano de uma forma mais sustentada e controlada”, salientou.

A venda, explicou, está a ser feita de forma direta ao cliente, ‘online’ e também para a distribuição. As quebras sentem-se a nível dos muitos dos restaurantes que consumiam cabrito estão fechados por causa da pandemia.

As épocas altas de consumo deste produto são a Páscoa e o Natal.

“Estamos a conseguir homogeneizar a venda durante o ano, porque havia alturas completamente mortas, como janeiro e fevereiro, em que não se vendia um único cabrito. Estamos a conseguir homogeneizar as curvas da procura”, afirmou.

Rui Dantas, presidente da Federação Nacional das Raças Autóctones (FERA), lembrou que, no ano passado, as “coisas foram muito complicadas” e prevê que “esta Páscoa corra melhor”.

“A FERA lançou, conjuntamente com uma empresa de informática, o site www.saborescomraca.pt onde disponibiliza informação aos consumidores que queiram adquirir produtos destas raças. Não vende, mas direciona os consumidores para quem tem este tipo de produtos”, referiu.

O responsável disse esperar que com a aposta na promoção ‘online’ se consiga “resolver o problema de escoamento destes animais, que tem sido muito complicada”.

“A produção não está concentrada, são criadores que não tem muito acesso às novas tecnologias e as associações e agrupamentos de produtores têm tido um papel importante na concentração desses animais, no envio ao matadouro e na disponibilização ao consumidor final. Esperemos que este ano a Páscoa corra melhor do que no ano passado”, salientou.

Em 2020, depois dos alertas para as dificuldades de escoamento devido à pandemia, a solidariedade nacional permitiu aos produtores a venda do produto.

Sediada em Guimarães, a FERA possui 18 associados.

Os responsáveis falavam aos jornalistas à margem da apresentação da Escola de Pastores, que vai decorrer entre meio e outubro e vai ter como sala de aula as explorações de gado da serra do Alvão.

Este projeto quer capacitar e atrair mais criadores de gado, promover o rejuvenescimento do setor e incentivar modos de produção inovadores.

A escola é promovida pela FERA, em parceria com a Aguiarfloresta - Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de Aguiar.



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