O Comité de Combate ao Granizo, criado recentemente no Douro, quer implementar um sistema de luta preventiva contra o granizo e avançar com uma área-piloto entre Alijó, Pinhão e Sabrosa, zona especialmente afetada na última década.

“O objetivo é implementar um sistema de luta preventiva contra o granizo na Região Demarcada do Douro, juntando esforços entre empresas privadas, associações e setor científico”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da ProDouro - Associação de Viticultores Profissionais do Douro, Rui Soares.

O Comité é formado pela ProDouro, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e as adegas cooperativas de Favaios e Sabrosa.

“Queremos tão cedo quanto possível, de preferência já em 2020, implementar esta solução na área piloto”, frisou.

A ideia é criar aquela área piloto no triângulo Pinhão, Sabrosa, Alijó, especialmente “fustigado” por fenómenos de granizo na última década.

“Tem um histórico mais acentuado e pareceu-nos que seria uma boa zona para arrancar, para começarmos o nosso projeto, cujo objetivo é também a validação de uma técnica que não existe na região”, referiu.

O responsável elencou métodos usados já em países como França ou Alemanha e que podem ajudar a mitigar as consequências da queda de granizo e a destruição da videira e da uva.

“Nós temos duas opções, ambas são operações de modificação do tempo, ou seja, são operações que consistem em perturbar artificialmente a formação das nuvens de granizo que se formam na atmosfera”, salientou.

Com a aplicação destas técnicas, “em vez de caírem pedras de granizo, ou cai chuva, no caso da solução da empresa Selerys, ou caem pequenas bolas de granizo, que já não fazem mal à cultura, que é o princípio proposto pela associação francesa ANELFA".

“No fundo, são duas metodologias diferentes, embora o objetivo final seja o mesmo”, frisou.

A ideia é testar uma destas técnicas na área-piloto, um projeto a três anos, e depois expandir a metodologia a toda a Região Demarcada do Douro, beneficiando não só a vinha, mas também as árvores de fruto que representam uma outra importante atividade económica do território.

“Estamos na fase crítica, temos a informação, já estudámos, já temos todos os dados ao nosso dispor, já sabemos tudo, as vantagens e desvantagens de todos os métodos, já sabemos os custos associados. Neste momento, a única coisa que precisamos é, efetivamente, de encontrar um modelo de financiamento para que o projeto avance tão cedo quanto possível”, salientou.

Em 2019, a ProDouro registou por iniciativa própria os fenómenos de granizo ocorridos através de “30 granizómetros” espalhados pelo território.

Rui Soares referiu que “havia falta de informação, de histórico, sobre os episódios de granizo”, pelo que a associação colocou dispositivos que “permitem registar a intensidade e severidade” e “fazer uma avaliação o problema”.

“Não combate o granizo, regista aquilo que acontece”, explicou.

No ano passado foram registados episódios de granizo no Douro, embora em menor escala e menos graves do que os verificados em 2018 e 2017.

A associação ProDouro possui 84 associados, representa 660 viticultores e um total de 3.700 hectares de vinha.



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